Colunistas
Um casal saudável também discute. Não fuja das DRs!
Por Elaine Damasceno
Diria que as divergências são, inclusive, um sinal de que o casal está ativo, vivo e até saudável. Precisamos entender que quando duas pessoas aceitam viver juntas, cada uma com seu passado, sua história e seus sonhos, em algum momento as divergências vão aparecer e é muito comum a dúvida: “encarar uma DR ou deixar para lá, para não desgastar”?
Com toda a experiência que tenho no atendimento a casais, não tenho dúvidas: o melhor é sentar e conversar. Casais com sujeira embaixo do tapete, pelo padrão, não costumam ter casamentos duradouros. Porém, concordo que a maneira que essa conversa será conduzida refletirá na saúde desse casamento. Caso não haja respeito, empatia e principalmente ESTRATÉGIA, a cada conversa (ou DR) é mais um passo para o fim.
Estratégia? Sim, você não leu errado… Estratégia! Repito o que escrevi no conteúdo passado: o game chamado casamento não é para amadores. Então vamos para o check list da DR saudável e positiva:
- Foco no objetivo: temos por hábito misturar assuntos quando uma briga está em andamento. Está errado! Sabe o que acontece quando começamos uma discussão pela divisão das tarefas domésticas e finalizamos falando de dinheiro? NENHUM assunto é de fato resolvido.
- O começo é a nota que vai ditar o tom da conversa: caso o cônjuge incomodado iniciar o diálogo com acusações, rótulos ou ironia, pode apostar, essa conversa não será produtiva. É fato: a partir do momento que há uma acusação, o acusado bloqueia o raciocínio e a partir dali o intuito é a defesa ou ainda o ataque, não há mais canal aberto para acordos. Observem a diferença:
- “Marido, preciso conversar com você sobre o que aconteceu ontem. Me senti desvalorizada e queria entender o que você quis dizer quando…”
- “Fulano, que palhaçada foi aquela na casa da sua mãe ontem? Você foi grosseiro e desrespeitoso, sério, nem sei porque ainda insisto…”
Percebem a diferença?
- DR tem hora e lugar: para que a conversa flua, não seja interrompida e seja tratada com a devida importância, é necessário entender que não adianta chamar sua esposa para conversar cinco minutos antes dela sair para trabalhar. Assim como não é interessante tentar uma conversa com seu marido em frente aos amigos. Para que a DR tenha começo, meio e fim é preciso escolher o momento e o lugar.
- Jamais resgate assuntos do passado: assuntos já discutidos muitas vezes são usados como carta na manga para “ganhar” a discussão (como se fosse uma competição). Quem perde é o casamento. O passado deve ficar no passado.
Estejam dispostos a ouvir o outro e a fazer acordos: conversa produtiva é aquela que termina com acordos. Casais que encerram discussões planejando como poderão se comportar em uma próxima situação semelhante a essa que incomodou, é o chamado “casal de milhões”.
Difícil? Talvez! Porém garanto que viver em um casamento tomado por brigas e desrespeito é muito mais.
Sobre a autora
Elaine Damasceno (@elaine_damascenoo) é terapeuta de casais e idealizadora da Comunidade Vida de Casada, um espaço de acolhimento a mulheres que buscam evolução como esposas. Psicanalista formada pelo Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica (IBPC); certificada em Coach com formação em Professional e Self Coaching pelo Instituto Brasileiro de Coaching (IBC); especialista em Inteligência Emocional com ênfase em Família (IBC); especialista em Análise Comportamental (IBC); Graduada em Comunicação Social – Jornalismo – Unopar. Casada com Bruno Santos, mãe de 3 (Nicolle, Luiza e Theo).