Brasil envelhece e mercado imobiliário reage com novas soluções

economia-prateada-envelhecimento-moradia-idosos — Foto: Freepik

O Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realizado em 2022 escancarou uma realidade irreversível: o Brasil está envelhecendo rápido. O retrato deste envelhecimento da população renovou as atenções para a economia prateada e seu alto potencial.

Surgirão novas demandas, com novos modelos de consumo e, claro, inúmeras oportunidades de negócios para aquelas empresas e profissionais que entenderem esta transformação demográfica.

Os dados não mentem

Em 2010, os idosos representavam 11,3% da população brasileira. No Censo de 2022, esse número saltou para 15,1%
Em 2040, o Brasil terá mais idosos do que crianças e adolescentes pelo Censo, mas, um levantamento feito pelo IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba) analisou a pirâmide etária da capital paranaense, onde o número de idosos (60+) em 2022 já havia ultrapassado o número de crianças de até 14 anos.
A expectativa de vida em Santa Catarina, segundo o Censo de 2022, é de 80,1 anos. No Paraná 79,2 anos. Bem acima da média brasileira (75,5 anos)
As projeções indicam que, em 2045, mais de 25% da população catarinense terá mais de 60 anos

Envelhecer é uma conquista, mas exige um conjunto de ações pensadas para melhorar itens como infraestrutura, mobilidade, serviços de saúde e projetos imobiliários adequados à longevidade. Entre outros pontos é preciso cuidar para não segregar os idosos, priorizando sempre a convivência, pois eles querem circular, interagir e terem seus tempos respeitados.

Alerto que este público é diferente daquele que tínhamos no passado, muitos sem saúde, com vestuário de vovôs/vovós, dependentes de outros membros da família para os cuidados e que batiam de frente nas discussões com outras gerações.

Sim, temos bons exemplos de economia prateada

Temos algumas iniciativas que vão de encontro a este consumidor quando falamos de moradia. Um deles é a Housi, que em parceria com a Vitacon, concebeu edifícios exclusivos para pessoas com mais de 60 anos, com apartamentos de 30 a 60 m² em bairros nobres de São Paulo.

Os empreendimentos contam com equipe de enfermagem 24h, sala de telemedicina e ambulatório equipado para medir pressão e oxigenação. As áreas comuns incluem espaços para hidromassagem, fisioterapia, yoga, academia, salão de jogos e ambientes de convivência voltados para bem-estar.

O primeiro empreendimento será lançado neste ano na região de Higienópolis, na capital paulista, com VGV estimado de R$ 400 milhões. Além desse, outros três projetos estão em desenvolvimento.

Outro exemplo recente é a Loma Pedra Branca by Dom Senior Living, em Palhoça. O empreendimento fica dentro do bairro planejado Cidade Pedra Branca, buscando levar autonomia, bem-estar, arquitetura fina de alto padrão, alinhado com um programa de longevidade exclusiva para os condôminos, serviços de hotelaria, lazer diverso e serviços de enfermagem, segurança, entre outros.

Os serviços de lazer se concentram no térreo, com conexão com a rua, oportunizando aos moradores estarem com outros públicos mais jovens. Serão 110 apartamentos, com investimentos na ordem de R$60 milhões.

O BIOOS, da Laguna Incorporadora em Curitiba, representa um empreendimento inovador que integra moradia, saúde e bem-estar em um único ecossistema. Alinhado às tendências globais de envelhecimento populacional e qualidade de vida, o projeto oferece unidades residenciais especializadas, consultórios médicos, hospital-dia e centro de diagnóstico, além de um mall com serviços convenientes.

Com certificações WELL, LEED Gold e GBC Condomínio, o propósito central é proporcionar equilíbrio, segurança e bem-estar duradouro. O empreendimento oferece uma variedade inteligente de unidades residenciais com tamanhos que vão de 42 m² a 83 m², distribuídas em apartamentos de 1 e 2 dormitórios. Há também opções premium como a junção de unidades que totalizam 123 m², versão garden com 61 m², e uma cobertura com terraço privativo de 237 m², o que reforça o posicionamento estratégico do empreendimento para diferentes perfis de moradia.

Um grande desafio com exemplo do Paraná

Este envelhecimento da população brasileira escancara um desafio social gravíssimo: onde e como irão morar os idosos mais pobres? A falta de moradias acessíveis, adaptadas e seguras para essa parcela da população já é uma realidade nas periferias urbanas. Muitos envelhecem sozinhos, em condições precárias, sem rede de apoio e sem estrutura.

Isso exigirá que iniciativa privada e Governos olhem com urgência para soluções habitacionais populares voltadas a este público. Foco em redução de custos, moradias compartilhadas, cohousing, vilas de idosos e parcerias público-privadas. É uma questão de dignidade, segurança e sobrevivência para milhões de brasileiros que envelhecem na pobreza.

Um exemplo recente é o Viver Mais Paraná, que é um programa habitacional inovador, voltado exclusivamente para idosos de baixa renda, que rompe com o modelo tradicional de financiamento imobiliário. Nesse formato, o idoso não compra o imóvel e nem financia, mas tem acesso ao direito de uso vitalício mediante um aluguel social simbólico, equivalente a apenas 15% de um salário mínimo.

A construção dos condomínios é totalmente financiada pelo Governo do Paraná, por meio da Cohapar, Fomento Paraná, Secretaria da Família e das prefeituras, que geralmente cedem os terrenos.

Não há geração de dívida para o idoso, nem transferência patrimonial — se ele vier a falecer, a unidade retorna imediatamente para o programa, sendo destinada a outro idoso da fila de espera. Esse modelo garante perenidade social, sustentabilidade econômica e reduz drasticamente o risco de vulnerabilidade habitacional na terceira idade.

Ainda tem o Casa Fácil Paraná – Terceira Idade. Existe a possibilidade de financiamento habitacional individual, combinado com subsídio direto do Governo do Paraná de até R$ 80 mil.

Funciona assim:

O idoso acessa o Minha Casa Minha Vida, através da Caixa Econômica Federal.
O Governo do Estado oferece um aporte de até R$ 80 mil como entrada, reduzindo significativamente o saldo devedor.
O restante é financiado normalmente, conforme renda e capacidade de pagamento, mas com prestações bastante reduzidas.
O idoso se torna proprietário do imóvel.

Estes são apenas alguns exemplos de como a iniciativa privada e o poder público tem avançado neste tema. Se o mercado imobiliário quiser sobreviver no futuro, precisará entender que o público 60+, além de crescer, é um dos que têm mais disposição para morar bem.

E as empresas que priorizarem projetos e modelos de empreendimentos que visem a preparação para o envelhecimento e a longevidade, com segurança, serviços, acessibilidade e qualidade de vida, não apenas estarão atendendo a uma necessidade crescente, mas também posicionarão seus negócios de forma estratégica, sustentável e rentável para as próximas décadas.