Edvaldo Corrêa

Imóveis usados em Curitiba têm aumento nas negociações

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Foto: Daniel Castellano/SMCS

Levantamentos recentes do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar), integrante do Sistema Secovi-PR, trouxeram números robustos sobre o mercado de imóveis usados em Curitiba.

Apresentarei estes resultados em dois blocos distintos, um voltado para a locação e outro para vendas. Segue:

Locação de imóveis usados em Curitiba

O mercado de locação em Curitiba apresentou números positivos, conforme o índice que aponta a LSO – Locação Sobre Oferta de imóveis usados residenciais. Em novembro, houve um crescimento de 2,5 ponto percentual (p.p.) em comparação a outubro, com registro de 19,4%.

“Com o registro do aumento da locação residencial, os dados apresentados na pesquisa são um parâmetro positivo. Um ponto animador para investidores que estão em busca de imóveis residenciais para fins de locação”, ressalta Luciano Tomazini, presidente do Inpespar e vice-presidente de Economia e Estatística do Secovi-PR.

Segundo a pesquisa, a velocidade de locação continua alta. As casas de alvenaria com dois dormitórios, por exemplo, levam cerca de 27 dias para serem locadas e se enquadram no perfil de imóvel que registrou o menor tempo de disponibilidade no mercado durante o mês de novembro. Em seguida, as quitinetes, que levam em média 28 dias. Entre os três perfis mais rápidos para serem locados na avaliação do mês, também estão as casas de alvenaria de três dormitórios, que ficam anunciadas por cerca de 33 dias.

De acordo com Marilia Gonzaga, vice-presidente de Locação e Administração Imobiliária do Secovi-PR, a velocidade de locação se comporta de forma muito parecida desde o início do 2º semestre do ano, com uma diferença de 3 a 4 dias de um mês para o outro. “A expectativa é que o mercado continue em um patamar alto e aquecido, pois 2023 trouxe e ainda está trazendo resultados positivos. Nesse aspecto, observamos que durante as negociações, os apartamentos localizados nos bairros mais procurados e com um bom estado de conservação se destacaram”, avalia.

Ainda de acordo com o levantamento da entidade, o ticket médio dos imóveis residenciais, que estava em R$1753 em outubro, subiu para R$1770 durante o mês de novembro, um aumento de 1%. “Os números refletem a lei da oferta e procura, um comportamento do mercado favorável aos investidores”, explica o presidente do Inpespar.

A inadimplência dos inquilinos, dado que indica o atraso no pagamento acima de 30 dias, continua sendo destaque e o registro foi de 1% em novembro, com 0,2 p.p. abaixo de outubro. A inadimplência na casa de 1% é uma referência relevante para locadores e para imobiliárias que prezam por processos detalhados de cadastramento e de contato ativo após o fechamento do negócio.

Quanto aos bairros mais procurados no município durante o mês de novembro, tanto nas negociações de locações residenciais, quanto nas comerciais, o Centro lidera a lista de bairros mais desejados pelos compradores com uma representação de 14,2% e 34,2%, respectivamente. O destaque vai para as locações comerciais na região central, que aumentaram 12 p.p. em relação a outubro. O presidente do Inpespar destaca que “com os desafios da restrição de crédito pelas altas taxas de juros para adquirir um imóvel, os jovens solteiros e casais sem filhos, por exemplo, buscam imóveis  compactos na área central. Tratando do comercial existe uma volta gradativa ao comércio central, sendo que nas ruas principais já não há grande disponibilidade”.

Já nas negociações residenciais, o CIC e o Portão aparecem com 4,2%, seguidos pelo Água Verde, com 4,1%. Já nas locações comerciais, os bairros Água Verde (7,2%), Batel (6,3%) e Bigorrilho (4,5%) completam a lista dos mais procurados no mês.

Vendas de imóveis usados em Curitiba

No que se refere às vendas, o final do ano registra aumento nos imóveis residenciais na capital paranaense. A pesquisa do Inpespar revela que o índice de VUSO – Vendas de Usados Sobre Oferta em novembro foi de 5,6% e alcançou o melhor resultado de 2023, registrado em abril.

Os dados mostram um crescimento de 1,3 ponto percentual (p.p.) em relação a outubro do mesmo ano e, também, em relação ao mesmo período de 2022, meses em que o índice ficou em 4,3% na cidade. “No comparativo, podemos verificar a ascensão do mercado. O crescimento é relevante, já que a média do trimestre foi 0,6 p.p. maior do que a do ano passado, com 5,1%”, analisa Luciano Tomazini, presidente do Inpespar e vice-presidente de Economia e Estatística do Secovi-PR.

O levantamento aponta também que a Venda Sobre Oferta (VSO) de terrenos em Curitiba voltou a crescer e atingiu o melhor número desde outubro de 2022. O registro do índice foi de 2,5%, resultado com 0,6 p.p. a mais do que o mês anterior (1,9%) e 1,2 p.p. além do registro de novembro do ano passado (1,3%).

Segundo Josué Pedro de Souza, vice-presidente de Lançamentos e Comercialização Imobiliária do Secovi-PR, esse movimento é consequência da variação das taxas de juros no país: “a procura por terrenos aumentou nos últimos índices. Isso costuma ser reflexo da baixa na taxa de juros. Assim, as pessoas voltam a buscar terrenos para construir a casa própria e, também, como uma forma de investimento. É uma sinalização de um mercado crescente”.

Ao mesmo tempo, a média do valor dos imóveis usados residenciais negociados no mês foi de R$419 mil, um crescimento de 5,4% em comparação a outubro do mesmo ano (R$ 397 mil). “O mercado está em uma curva crescente e opera em alto patamar, com crédito disponível para os compradores que pretendem investir no setor de imóveis. Em complemento a isso, a inadimplência continua em baixa, com 1% na pesquisa”, afirma Souza.

As atualizações sobre o ITBI – Imposto sobre a Transição de Bens Imóveis, dado fornecido pela Prefeitura de Curitiba, é complementar aos resultados apresentados pelo Secovi-PR e embasa as análises do mercado, uma vez que o número de guias pagas continua crescente, enquanto o valor total arrecadado de janeiro a outubro de 2023 (R$ 420 milhões) aumentou 8,9% em relação ao mesmo período de 2022.

No penúltimo mês do ano, 8,9% das vendas de imóveis residenciais usados na capital foram de unidades localizadas no Centro. Já os bairros Água Verde, Boqueirão, Cidade Industrial de Curitiba (CIC) e Cristo Rei ficaram em segundo lugar, representando 4% da procura cada. Para completar a lista dos bairros mais buscados, destaque para o Boa Vista e para o Campo Comprido, ambos com 3,6%.

De uma forma geral o ano foi bom para o mercado de usados. Apesar do processo de transição político-econômica no âmbito federal, da vinda de dois bons anos em termos de negócios (2021 e 2022), os números do INPESPAR evidenciaram o movimento que vínhamos observando durante o ano. Tomazini comenta que “como os preços dos imóveis novos sobem até por uma questão de necessidade de ajustes de custos das operações de construção e não comprometimento de margens, os preços dos usados também são puxados para cima”. Ele acredita que para 2024 são boas as perspectivas de uma melhora ainda maior no mercado de usados, pois, “teremos eleições municipais, reais possibilidades de redução da SELIC para patamares aceitáveis; e aqueles proprietários que possuem imóveis bem localizados, com espaços internos adequados e com valores competitivos deverão fazer bons negócios”.