MERCADO IMOBILIÁRIO

Intenção de compra de imóveis segue firme, com destaque para o Sul e o segmento de luxo

Quase 30% das famílias brasileiras tem a intenção de comprar um imóvel nos próximos dois anos, segundo o Datastore.

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Foto: Arquivo/Secom

A Datastore, maior empresa de pesquisa imobiliária do país, com um acervo de quase R$ 1 trilhão em Valor Geral de Vendas (VGV) pesquisados, divulgou recentemente a 34ª edição do Monitor da Demanda Imobiliária Residencial, referente ao segundo trimestre de 2025.

O estudo apontou que 29,64% das famílias brasileiras têm intenção de comprar um imóvel nos próximos 24 meses, o que representa 12,39 milhões de famílias em todo o país. Esse índice mostra leve alta em relação ao trimestre anterior (+0,13%) e confirma o oitavo trimestre consecutivo de crescimento da demanda futura.

Intenção de compra de imóvel reflete cautela do cliente

Para Marcus Araújo, estatístico e fundador da Datastore, “o mercado se mostra resiliente, mas também reflete a cautela do comprador em relação aos produtos em estoque. Será preciso ser excepcional no segundo semestre para garantir fechamentos nos empreendimentos que ainda contam com unidades disponíveis”.

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Alguns números em destaque foram:

  • A intenção de compra de imóvel em 12 meses, que atingiu 44% das famílias (5,45 milhões), com queda de 1,7% em relação ao trimestre anterior.
  • O segmento de luxoaparece com índices elevados de intenção de compra, chegando a 36% no horizonte de 24 meses e 47% em 12 meses.
  • Regionalmente, o Sul do Brasil lidera a intenção de compra em 24 meses (32,14%), acima da média nacional, consolidando-se como um mercado estratégico e assumindo esta liderança pela primeira vez.

Esse cenário mostra que a demanda segue ativa e diversificada, mas o comprador está mais seletivo e planejando melhor a sua decisão. Na minha visão, o quadro é positivo, desde que haja uma leitura clara dos clientes em jornada de compra, tanto no que buscam no produto quanto no que e como podem pagar.

Imóveis alinhados às novas demandas ganham espaço

A tendência é que produtos genéricos e tradicionais tenham menor performance, justamente por não dialogarem com as necessidades atuais. Produtos imobiliários feitos com a cabeça de quem vivia no século passado já ficaram obsoletos.

Em contrapartida, há uma janela de oportunidades valiosa para quem souber ouvir os clientes e criar imóveis alinhados às novas demandas. Assim, quem adotar uma leitura estratégica, embasada em dados, terá vantagem competitiva e estará mais preparado para aproveitar esse ciclo.

Ainda, a pequena queda na intenção de compra em 12 meses sinaliza a necessidade de ajustes por parte dos empreendedores. Para quem tem estoque ou planeja lançar nos próximos meses, o caminho é:

  • ampliar a boca do funil de clientes;
  • reprecificar com inteligência, ajustando tabelas a novos fluxos e fontes alternativas de financiamento;
  • adotar uma abordagem comercial mais consultiva; e
  • revisar os canais de comunicação, buscando maior assertividade.

O objetivo é claro: dar ritmo às vendas sem sacrificar margens, aumentando a absorção de produtos. Nesse contexto, agir de forma rápida, eficaz e alinhada ao mercado fará toda a diferença.

Existem demandas geracionais, ajustes tecnológicos e de sustentabilidade que hoje são fundamentais para os compradores, que enxergam muito valor nestas iniciativas e pagam mais por isso. Projetos mais inovadores, humanos, eficientes e adaptáveis também passam a ser essenciais.

Existem famílias e investidores prontos para comprar, mas que exigem produtos bem pensados e um atendimento consultivo. Corretores e empreendedores preparados terão papel fundamental em transformar essa intenção em realidade, com projetos alinhados ao estilo de vida, às condições de crédito e às expectativas de valorização.