ENTREVISTA EXCLUSIVA
Entrevista Exclusiva com Pablo Chakur sobre a Nova Sede do Governo de São Paulo
Com um investimento estimado em R$ 4 bilhões, o projeto inclui a construção de 12 edifícios para abrigar o gabinete do Governador e as 28 secretarias estaduais
O Governo do Estado de São Paulo transferirá sua sede do Palácio dos Bandeirantes para o centro da capital. A iniciativa visa revitalizar o bairro dos Campos Elíseos e arredores, reforçando a segurança, combatendo o crime organizado e incentivando a circulação de pessoas e investimentos na região.
Concurso Arquitetônico e Seleção do Projeto
Promovido pela CPP – Companhia Paulista de Parcerias, por meio da SPI – Secretaria de Parcerias e Investimentos do Governo de São Paulo, o concurso foi organizado pelo IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento de São Paulo, sendo o maior do país desde o Plano Piloto de Brasília. A iniciativa reuniu 45 propostas de escritórios de arquitetura e urbanismo de todo o Brasil, com critérios de avaliação baseados em inovação, economicidade, sustentabilidade e inclusão social.
O projeto vencedor, liderado pelo arquiteto Pablo Chakur (do Escritório Ópera 4), reflete a busca pela democratização do espaço urbano e pela integração social. Ele apostou em uma fachada dupla com vidros temperados e serigrafados, com apenas um subsolo de estacionamento, apostando no uso de alternativas de transporte. Todos os térreos terão fachadas ativas integradas aos pátios internos.
Investimento e Infraestrutura
Com um investimento estimado em R$ 4 bilhões, o projeto inclui a construção de 12 edifícios para abrigar o gabinete do Governador e as 28 secretarias estaduais, em uma área de 288 mil m², com conclusão prevista para 2029. O plano também exige a realocação do Terminal Princesa Isabel e do Museu das Favelas, além da desapropriação de cerca de 230 imóveis.
O Massa News, através do colunista Edvaldo Corrêa, conversou com exclusividade com o arquiteto Pablo Chakur, e trazemos abaixo os principais pontos.
Chakur comentou que “a proposta do Governo de São Paulo é criar uma PPP – Parceria Público-Privada para a criação deste complexo, para que as pessoas possam percorrer as quadras, fomentando o comércio local e a vida urbana. Esta medida ajudará a levar famílias de diferentes origens para a região, revitalizando-a.”
Quais são os principais destaques do seu projeto?
“O plano inclui uma série de elementos que reforçam a sustentabilidade, como fachadas ativas, áreas verdes e comércio local. A arquitetura do complexo privilegia a diversidade de alturas e a maximização de espaços públicos e privados no térreo, com passarelas, calçadões e fachadas com vidro transparente. A meta é criar um centro administrativo integrado ao entorno urbano, impulsionando o comércio e a vida pública. Partimos do princípio de que o novo centro administrativo do governo não deveria atrair o olhar para si, mas sim ser um equipamento pensado para os cidadãos.”
“Na década de 1930, existiam na região chácaras privadas, com um ambiente diversificado de casarões, casas de operários, casas geminadas sem recuos e ampla diversidade morfológica. Hoje, mesmo com a evolução do mercado imobiliário, a região mantém essa proposta. Por isso, optamos por prédios altos e baixos, com tipologias diversas, com o intuito de se integrarem à paisagem urbana.”
Qual é a sua expectativa com o novo centro administrativo em relação aos impactos sociais e urbanísticos?
“Espera-se que o novo centro administrativo estimule oportunidades habitacionais e comerciais, pois serão realocados 22 mil funcionários, entre servidores do governo e terceirizados. A ideia é transformar a região dos Campos Elíseos em uma nova centralidade que possa atrair diversos públicos, além de misturar usos residenciais, comerciais e culturais. O Plano Diretor de São Paulo oferece diretrizes urbanísticas para o desenvolvimento sustentável, e o projeto atende a essas normas para equilibrar a densidade habitacional e garantir a mobilidade urbana.”
Que impactos imediatos e de longo prazo você prevê para essa área?
“O Centro tem um lugar especial no coração do cidadão paulistano, que nutre um carinho especial por ele. Assim, com a agregação de mais políticas públicas, como saúde, assistência social, cultura e habitação, a região deverá se tornar mais adensada e segura. A região do Rebouças, por exemplo, em dez anos, teve uma transformação significativa. Reitero que o Plano Diretor do município desenha um cenário promissor, com inúmeros benefícios para que investidores e empresários do setor imobiliário ampliem seus interesses na região. O Centro se tornará atrativo e rentável, com equilíbrio entre aspectos econômicos, sociais e culturais.”
A partir de agora, quais serão os próximos passos?
“Agora teremos que desenvolver os documentos técnicos e estudos socioeconômicos que serão submetidos a audiências públicas. Esse processo permitirá a contribuição dos cidadãos antes do lançamento do edital e do leilão de Parceria Público-Privada (PPP) para a construção. A nova sede é um passo importante para promover uma requalificação urbana que beneficie a cidade de São Paulo em múltiplas dimensões.”
O Palácio dos Bandeirantes, no bairro do Morumbi, na zona sul de São Paulo, continuará sendo a residência e o gabinete oficial do Governador Tarcísio de Freitas, mas ele também terá uma estrutura no centro de São Paulo.
Confira o projeto da Nova Sede do Governo de São Paulo: