Gabriel Pianaro de Souza

Uma reflexão sobre a cadeirada

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Foto: Reprodução/Freepik

Recentemente, diversas marcas, influenciadores e até personalidades decidiram aproveitar a “trend” da semana, em que o apresentador e candidato Datena, durante um programa de televisão, entrou em conflito físico com Pablo Marçal lhe dando uma cadeirada. Embora muitas empresas tenham visto nesse evento uma oportunidade de engajamento ou mesmo de marketing, essa ação pode, na verdade, ser um tiro no pé.

Entrar em uma trend não é apenas sobre criar memes ou piadas. É, sobretudo, um posicionamento que pode colocar em risco a percepção da marca aos olhos dos seus consumidores e seguidores.

Sair correndo e aproveitar estas trends momentâneas, especialmente aquelas relacionadas a conflitos políticos, pode ter sérias consequências. Uma escolha errada pode gerar danos à imagem e à identidade da marca pessoal ou da empresa que podem ser difíceis de reverter.

Entender, avaliar e compreender os riscos é crucial para uma estratégia de marketing bem-sucedida.

O poder dos Trends

Vivemos em uma era em que estar presente nas redes sociais e participar dos debates do momento parece quase obrigatório. As empresas buscam se destacar, ganhar relevância e serem lembradas. A rapidez com que conteúdos viralizam faz com que as marcas sintam a pressão de participar de trends para manter sua visibilidade e proximidade com o consumidor, como se fossem obrigadas a isso, temendo que pareçam alheias ao que está acontecendo no mundo.

No entanto, estas decisões trazem armadilhas perigosas. Quando a situação em pauta envolve conflito ou polarização política, o risco se torna ainda maior. Ao entrar nesse tipo de trend, a marca pode acabar tomando um posicionamento em um debate social ou político. E é aí que mora o perigo.

Uma ação aparentemente inofensiva pode enviar uma mensagem com a qual a marca nunca quis se associar.

O caso da cadeirada do Datena em Pablo Marçal é um exemplo claro.

Para alguns, o episódio foi engraçado já para outros, foi chocante. Porém, mais do que isso, ele tem um fundo de conflito e disputa política que torna a participação nesse trend extremamente delicada.

Quando uma marca decide utilizar esse meme, ela não apenas está se associando a uma situação específica, mas também está correndo o risco de alinhar-se com determinados pontos de vista políticos ou ideológicos que podem ser diferentes do seu público-alvo.

Cuidado com o seu posicionamento

O uso de um meme como o da cadeirada vai além de um simples ato de humor. Uma marca é, antes de tudo, um conjunto de valores, princípios e propósitos que a diferenciam no mercado e a tornam relevante para seu consumidor. Participar de uma trend polêmica pode, em muitos casos, entrar em conflito com esses valores.

Imagine uma marca que prega valores como paz, diálogo e tolerância. Como o consumidor vai enxergá-la após participar de uma trend que reforça uma ação agressiva ou violenta (mesmo que no contexto do humor)? Ela corre o risco de contradizer seus próprios princípios.

A consequência disso? Perda de confiança e, eventualmente, de clientes.

Consumidores estão cada vez mais atentos aos posicionamentos das marcas em questões sociais e políticas. Eles buscam coerência entre o que a marca diz e o que ela faz. Por isso, uma escolha errada de trend pode afastar parte do público e até mesmo gerar boicotes ou críticas negativas, você não gostaria de ter sua marca cancelada certo?

Participar de trends ou não?

Participar de todas as trends que surgem não é uma obrigação para uma marca. Pelo contrário, muitas vezes a melhor decisão é justamente não se envolver. E esse discernimento é parte essencial de uma estratégia de marketing. Por isso, sempre bato na tecla: é o planejamento de marketing, alinhado ao posicionamento de branding, que deve ser o pilar da comunicação de uma empresa.

Ao decidir não participar de um trend, a marca está, na verdade, se posicionando de maneira firme e cautelosa. Ela está dizendo que não se envolve em debates que podem prejudicar a sua imagem e que prefere seguir com uma comunicação alinhada a seus valores e propósitos. Isso mostra maturidade e responsabilidade por parte da marca, algo que os consumidores valorizam.

Atenção

No mundo das redes sociais, a velocidade das trends pode ser tanto uma bênção quanto uma maldição. A ânsia por participar para só gerar engajamento pode facilmente levar a marca a se associar com situações ou debates que comprometem sua identidade e relacionamento com o seu consumidor.

O caso da cadeirada entre Datena e Pablo Marçal é um exemplo que ilustra a complexidade desse cenário. Antes de entrar em qualquer trend, as marcas devem considerar cuidadosamente os riscos envolvidos e os possíveis impactos em sua imagem. Muitas vezes, não participar de uma trend é a decisão mais sábia e estratégica, preservando a imagem da empresa.

Portanto, ao pensar em participar de uma nova trend se pergunte antes. É esse o tipo de conteúdo que realmente reflete quem somos e o que queremos representar? Se a resposta for um sonoro “NÃO”, então é melhor deixar essa trend passar.

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