MARKETING DIGITAL

A bolha

A ‘modinha’ do social media precisa ser desafiada, pois o futuro do marketing pertence a quem enxerga o todo e não apenas um pedaço dele.

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Imagem: Gemini.IA

Uma bolha profissional ocorre quando um profissional ou grupo se isola, restringindo seus contatos, conhecimentos e experiências, o que limita seu desenvolvimento e oportunidades de carreira. Esse isolamento pode se manifestar de diversas formas, como a concentração exclusiva em uma área de atuação, a falta de networking diversificado, a estagnação do conhecimento e a resistência a novos desafios.

Ao longo da história, diversas bolhas profissionais ocorreram, impactando diferentes setores. Como exemplo, podemos citar a bolha das “dot-com” no final dos anos 90, que afetou programadores com a promessa da internet; a bolha do petróleo entre 2010 e 2015, que inflou o mercado de engenheiros de petróleo; a famosa bolha imobiliária dos EUA em 2007-2008, que prejudicou corretores de imóveis, levando muitos à falência; e a recente bolha de criptomoedas em 2017 e 2021, que atraiu muitos “especialistas” em blockchain.

Esses eventos históricos servem como um lembrete dos riscos de se concentrar excessivamente em um único setor, sem considerar a volatilidade do mercado.

A Bolha do Social Media

Após uma análise recente que realizei de currículos para vagas de analista de marketing generalista, identifiquei um cenário preocupante: mais de 90% dos candidatos se autodenominam “especialistas” em social media. Essa tendência me deixou bastante apreensivo, indicando a possível formação de uma bolha no setor.

De fato, o fascínio pela presença digital é compreensível, impulsionado pelo poder de plataformas como Instagram e TikTok, que oferecem visibilidade imediata. No entanto, essa visibilidade representa apenas a ponta do iceberg do marketing. O marketing, em sua essência, é muito mais vasto, abrangendo planejamento, pesquisa de mercado, estratégia, experiência do consumidor, relacionamento com o cliente, business intelligence, entre outros.

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Infelizmente, a nova geração de profissionais parece negligenciar essas outras frentes, concentrando-se excessivamente na interação digital e ignorando oportunidades valiosas em outras áreas do setor. Essa ‘modinha’ do social media cria uma monocultura perigosa, limitando a atuação dos profissionais de marketing. Lembrando que o marketing digital vai muito além das redes sociais, sendo apenas uma das ferramentas de marketing.

As empresas, por sua vez, necessitam de profissionais com visão ampla, capazes de entender o comportamento do consumidor, analisar dados para decisões estratégicas e construir planejamentos de longo prazo. Contudo, o que observamos hoje é um enxame de jovens buscando viralizar conteúdo, sem compreender que o marketing transcende as redes sociais, exigindo uma visão analítica e estruturada para garantir resultados consistentes. Essa redução do marketing às redes sociais, na minha visão, já está prejudicando o crescimento individual dos profissionais e o sucesso das empresas.

Áreas fundamentais negligenciadas

  • Marketing de Dados: A inteligência de mercado é essencial para CRM, análise de comportamento do consumidor e segmentação de audiências. Com uma abordagem baseada em dados, é possível criar campanhas mais assertivas e eficientes.
  • Planejamento Estratégico: Envolve a construção de marcas, a definição de jornadas de compra e o planejamento de longo prazo. Essa visão estratégica garante direção e consistência para as ações de marketing.
  • Atendimento e Relacionamento: É uma parte crucial para a fidelização e retenção de consumidores. Empresas que investem em atendimento ao cliente criam conexões mais fortes e duradouras com seu público.
  • Trade Marketing: Focado em estratégias para o ponto de venda, ativação de produtos e relacionamento com o varejo. Muitas empresas dependem diretamente dessas táticas para impulsionar suas vendas e consolidar sua presença no mercado.
  • Marketing Institucional e Branding: Responsável pelo posicionamento, reputação e construção de identidade de marca. Uma marca bem estruturada tem maior reconhecimento e conexão emocional com os consumidores.

O mercado precisa de especialistas nessas áreas, mas as faculdades e cursos de curta duração estão vendendo a ilusão de que basta dominar redes sociais para ser um profissional de marketing de sucesso. Essa visão ignora o fato de que o impacto das decisões de marketing vai muito além do engajamento em posts ou do número de curtidas em uma publicação. Marketing bem-feito é aquele que consegue unir criatividade, análise de dados e estratégia de negócios para gerar resultados sustentáveis.

Os jovens que desejam se destacar no mercado precisam entender que dominar ferramentas de social media é um diferencial, mas não deve ser a única habilidade no currículo. É fundamental pensar no marketing como um todo e buscar capacitação em áreas que realmente fazem diferença dentro das empresas, pois o mercado exige profissionais mais completos e preparados para os desafios reais.

A ‘modinha’ do social media precisa ser desafiada, pois o futuro do marketing pertence a quem enxerga o todo e não apenas um pedaço dele. Aqueles que compreendem a complexidade da área e se preparam para atuar em diferentes frentes terão mais oportunidades e conseguirão se destacar em um mercado cada vez mais competitivo.

O que você acha sobre essa tendência? Deixe seu comentário, sugestão ou questionamento. Vamos enriquecer esse debate juntos! E se você concorda que precisamos ampliar a visão sobre marketing, compartilhe este conteúdo para alcançarmos mais pessoas.