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O segredo para bombar
DADOS, DADOS E MAIS DADOS!
O celular deixou de ser um simples dispositivo de comunicação para se transformar em uma verdadeira extensão do nosso corpo e mente – e isso traz implicações fundamentais ao marketing.
Vivemos conectados? Sim, quase 24 horas por dia. Aqueles que utilizam celulares ou smartwatches até para monitorar o sono chegam, literalmente, às 24 horas de uso. Somos monitorados, rastreados e, de certa forma, guiados.
O celular deixou de ser um simples dispositivo de comunicação para se transformar em uma verdadeira extensão do nosso corpo e mente. Hoje, ele é agenda, carteira, banco, canal de entretenimento, GPS, consultor de compras e, para o marketing, uma das fontes mais ricas de dados comportamentais e preditivos da história.
Mas diante de tanta sofisticação tecnológica e coleta de dados contínua, uma pergunta começa a ecoar para mim: ainda somos donos das nossas escolhas? Ou estamos apenas reagindo a estímulos invisíveis programados pelos algoritmos que nos conhecem melhor do que nós mesmos?
Toda vez que você dá um like, assiste um vídeo até o fim, faz uma compra ou sequer para alguns segundos em determinado conteúdo, seu comportamento é registrado.
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Plataformas como TikTok, Instagram, Amazon e até ferramentas como o próprio ChatGPT usam esses dados para identificar padrões, prever ações e oferecer conteúdo ou produtos no momento exato em que você está mais propenso a engajar ou comprar.
É o que chamamos de marketing preditivo — o uso de dados, aprendizado de máquina e inteligência artificial para antecipar desejos e decisões. O algoritmo aprende com o seu histórico, seus interesses, horários de uso, localização, a forma como você digita e até com o que você fala quando está perto do seu smartphone.
Como profissional e entusiasta do marketing, eu enxergo nisso tudo não uma ameaça ao livre-arbítrio, mas uma ferramenta poderosa — e delicada — para construir relacionamentos entre marcas e pessoas. Quando usada com ética e inteligência, a análise de dados gerados pelos smartphones pode ser um diferencial competitivo.
Imagine que sua empresa consiga entender, com base no comportamento, que seu cliente prefere receber notificações pela manhã, que ele pesquisa produtos mais baratos em dias de semana e que responde melhor a conteúdos em vídeo do que a textos longos.
Imagine saber que ele cancelou uma compra no último segundo porque percebeu um frete mais caro. Esses dados, se bem analisados, viram insumos para criar experiências personalizadas, fluidas e, acima de tudo, relevantes.
O smartphone já substituiu a carteira. Com ele, pagamos contas, compramos, pedimos comida, chamamos transporte, assistimos lives, produzimos conteúdo, consultamos médicos, fazemos entrevistas de emprego. Ele não é apenas um meio, se tornou o centro da jornada de consumo moderna.
Empresas que entendem isso estão saindo na frente. A experiência mobile não pode ser apenas responsiva. Ela precisa ser inteligente, contextualizada e dinâmica. A personalização se tornou o novo padrão de atendimento. E isso só é possível quando nos aproveitamos, com responsabilidade, do volume de dados gerados a cada clique, toque e deslizar de dedo.
Claro, toda essa tecnologia exige um contraponto responsável. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) veio para garantir que o uso de informações pessoais seja feito com transparência, segurança e consentimento. E aqui está o ponto em ser um profissional de marketing ético e elaborar boas estratégicas respeitando a LGPD.
Criar campanhas baseadas em dados não significa violar privacidade. Significa entender profundamente o seu público, oferecendo soluções melhores, mais rápidas e mais eficazes, desde que ele tenha autorizado esse processo. A transparência virou um ativo. Marcas que explicam claramente como usam os dados, que oferecem controle e que respeitam o direito de escolha saem ganhando em reputação e fidelidade.
Outro ponto importante é o respeito às notificações e monitoramentos. O consumidor tem (e deve ter) o direito de escolher o que quer receber. Isso não é um problema para o marketing — é um filtro natural que aumenta a eficiência das campanhas. Falar só com quem quer te ouvir é, no fundo, mais barato, mais assertivo e mais estratégico.
O marketing digital baseado em dados não é o fim do livre-arbítrio. Ele é uma lente poderosa para enxergar comportamentos, antecipar necessidades e criar valor. Se mal utilizado, pode manipular. Se bem utilizado, pode encantar.
Então, respondendo à pergunta inicial: o marketing acabou com o livre-arbítrio?
A resposta, para mim, é não. Mas ele nos desafia diariamente a fazer escolhas mais conscientes. Porque os estímulos estão por toda parte. E se quisermos manter nossa autonomia como consumidores e como cidadãos, precisamos aprender a navegar nesse mar de algoritmos com senso crítico.
E, como profissionais de marketing, precisamos fazer o mesmo, que é de utilizar as ferramentas disponíveis não para controlar, mas para conectar.