DADOS, DADOS E MAIS DADOS!
Seu celular te conhece melhor que sua mãe
BASTIDORES DO MARKETING!
Como é o dia a dia de quem vive entre promoções, prazos apertados, siglas em inglês e o preço do leite na capa do tabloide.
Era uma segunda-feira nublada daquelas que já começam com o alerta da entrega de hortifrúti tocando no fundo e o grupo da equipe bombando no WhatsApp com a frase que ninguém queria ver: É URGENTE tem cliente reclamando do preço do arroz da página 3 do tabloide.
E assim começava mais um dia no departamento de marketing da rede de varejo alimentar. Café quente na garrafa térmica, pão com margarina e o clássico mantra corporativo semanal:
“Calma, gente, é só mais uma semana de tabloide + campanha digital + rádio + redes sociais + 34 alterações de última hora. Respira e vamos pra cima.”
Marina, coordenadora do marketing, entrou na sala com sua tradicional energia pós-café que todo profissional de marketing toma quase que de hora em hora com uma animação enorme e motivada a fazer acontecer:
“Turma, precisamos alinhar o briefing da Semana da Economia. O diretor quer foco no aumento de ROI, reforço nos KPIs do tabloide digital e uma landing page pra cadastrar leads no Clube de Ofertas.”
A Letícia, do time de criação, fez careta e falou baixinho:
“Gente, será que não dá pra traduzir isso em português de supermercado? Tô no terceiro café e ainda não entendi metade.”
Briefing é aquele resumão do que precisa ser feito (e que muda três vezes por dia).
ROI (Return on Investment) é o retorno sobre o que foi investido — tipo: “a gente gastou R$ 10 mil e vendeu R$ 50 mil?”
KPI (Key Performance Indicator) são os indicadores que mostram se a campanha rendeu — cliques, vendas, cadastros.
Landing page é a página criada só pra convencer o cliente a se cadastrar, comprar ou imprimir o cupom.
Na prática, tudo isso que ela queria dizer era:
“A gente precisa vender mais sem gastar tanto e mostrar que deu certo.”
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Do nada o Lucas, responsável pelas redes sociais e tráfego, chegou atrasado (mas com dados na ponta da língua):
“Sábado o alcance no Instagram foi bom, mas o engajamento caiu. Talvez seja o CTA fraco no post do frango. Tô rodando testes A/B com dois textos: um com ‘corre que acaba’ e outro com ‘últimas unidades’. E a gente precisa revisar o pixel do Meta na home da promoção.”
A Marisa, do trade, que só queria saber se o banner da entrada já tinha sido aprovado, arregalou os olhos:
“Gente, pelo amor, o que é pixel? Eu só quero saber se o frango tá na capa ou não.”
Na sala ao lado, o pessoal da performance discutia os KPIs da campanha de produtos de limpeza.
“O ticket médio aumentou, mas o conversão por clique tá baixo. Talvez o funil de vendas esteja quebrando no cadastro do Clube.”
Na real? O cliente clica, vê o formulário gigante, e desiste. Clássico.
Enquanto isso, o pessoal do CRM queria rodar uma campanha de e-mail marketing, whats e push segmentada:
“Vamos mandar cupom de leite só pra quem comprou café. É cross-sell na veia.”
Simples. Inteligente. E provavelmente mais eficaz do que qualquer “disruptivo CTA”.
Porque sim, o marketing no varejo é o que se chama de estratégia 360°. Tem campanha no rádio, TV, carro de som, encarte impresso, site, rede social, WhatsApp, fachada e, se deixar, no papel do pão também.
O desafio? Fazer tudo conversar entre si. E ainda com o cliente perguntando por que o preço do app é diferente da loja física (spoiler: tem motivo, mas ninguém lê as letras pequenas).
No fim do dia, todos esses termos em inglês são só formas chiques de dizer o que o varejo já faz há décadas:
Termo em Inglês | Tradução “pé no chão” no varejo |
ROI | Lucro sobre o que foi investido |
KPI | Números que mostram se a campanha rendeu |
Briefing | Pedido do chefe com tudo que tem que fazer |
Benchmarking | Olhar o que o concorrente tá fazendo melhor |
Lead | Cliente em potencial |
Landing Page | Página pra pegar o contato do cliente |
CTA (Call to Action) | Frase pra convencer o cliente a clicar |
CRM | Cadastro e relacionamento com o cliente |
Inbound Marketing | Atrair o cliente com conteúdo útil |
Outbound Marketing | Propaganda direta: rádio, panfleto, etc. |
Cross-sell / Upsell | Vender junto ou um produto mais caro |
Storytelling | Contar história (ou criar novela no Instagram) |
A equipe se despede com a clássica frase: “Só falta aprovar com o diretor e revisar os preços com o price. Se der certo, entra amanhã.”
E quando tudo parece resolvido, vem a notificação no grupo:
“Boa noite, turma. Só ajustem o preço da banana, a cor do cabeçalho do tabloide e não esqueçam do post do leite.”
A banana e o leite, sempre eles.
O marketing no varejo e todos os demais podem ser um mar de termos em inglês, mas a essência é clara: atrair, convencer, vender e fidelizar. E tudo isso, de preferência, antes do fechamento da arte do tabloide e do prazo da gráfica.
Se você também trabalha nesse ritmo acelerado e vive entre o rádio e o ROI, o CRM e o carrinho cheio, saiba que você não está só. E tá tudo bem se você ainda precisar jogar no Google “o que é benchmark” de vez em quando.
Porque no fim do dia, o que importa mesmo… é que o preço do leite esteja certo na capa.
E que tenha alguém no marketing pra revisar, corrigir, reagir, criar, aprovar, negociar, brifar, refazer, aguentar o “sobe um pouquinho essa arte”, fazer milagre com orçamento apertado e ainda sorrir no final.
Varejo alimentar não é só uma correria, ele é uma montanha-russa onde a gente entra com café, desce com adrenalina e termina o dia esperando que o tabloide da semana que vem tenha menos alterações de última hora, por favor.
Se você vive essa loucura, respira fundo. Amanhã tem mais. E que nunca falte energia, criatividade e frango em promoção.