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Não se fazem mais homens como antigamente

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Foto: Reprodução/Adobe Stock

Por Ton Kohler

É tão bonito ver e assistir homens buscando uma paternidade ativa, reconhecendo seus problemas sociais da masculinidade, interessando por assuntos que antes eram apenas das mães e das mulheres. Mas o que faz esses homens buscarem esse novo posicionamento?

A mente é humana é de uma complexidade quase inexplicável, a cultura e o comportamento social dão o meio para que uma mente não seja mais a mesma a cada nova geração. Atualmente, a busca por novas formas de amar e cuidar podem parecer estranhas a homens da antiga geração, pois estes nunca encontraram prazer familiar além daquele de fornecer o prato à mesa, as vestimentas e a educação adequada. Ainda é estranho quando vemos homens fugindo da sua postura natural de se posicionar superiormente aos trabalhos de cuidar da casa, por exemplo.

Mas este é um caminho sem volta, o século XXI vem trazendo transformações tão inerentes as necessidades sociais que muitas vezes os céticos de plantão insistem em se manifestar “Não se fazem mais homens como antigamente”. Eu assumidamente gosto de dizer: não fazem mesmo! E que bom, não é?

Pois o homem, que nem precisa ter nascido há tantas décadas, não encontrava os dilemas atuais como a equidade de gênero, o respeito pelo direito de escolha por um trabalho de enfermeiro, cozinheiro, empregado doméstico e tantos outros que eram ocupados pelas mulheres. Assim como as motoristas de ônibus, taxis e aplicativos, a mestre de obra, engenheira civil e a salva vidas.

Quebrar esses padrões deixou de ser apenas uma busca por novas oportunidades de fazer aquilo que ama, passou a ser necessidade social e, às vezes, até uma posição de protesto de construir mais equilíbrio. É o salário das mulheres que são menores que os dos homens, são os homens que querem uma extensão da licença paternidade, é a busca por colocar mais mulheres em cargos de chefia e a busca dos homens não serem motivo de chacota por executar um trabalho geralmente executado por mulheres.

Ainda temos muito o que construir, o movimento já começou, mas ainda é um punhado de areia no deserto. As camadas mais simples da sociedade mal se dão conta do que seria carga mental materna, equidade de gênero, economia do cuidado e até a sigla LGBTQIA+. Nomes bonitos para novos formatos de consciência e que, na realidade, têm uma grande estrada até alcançar a massa que precisa lutar pelo básico como comida, água, abrigo e sono.

Estamos caminhando e, enquanto isso, tem sido muito prazeroso ver mais homens levando seus filhos no médico, trocando fraldas e participando das reuniões escolares. Todos os tabus nascem para um dia serem quebrados, e aquele de que os homens não são capazes de serem cuidadores já recebeu algumas marteladas e começou a trincar.

E você topa contribuir em dar mais algumas marteladas e ver logo ele no chão?

Sobre o autor

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Ton Kohler (@papaiemdobro) é publicitário e que atuou em grandes indústrias com marketing e estratégias negócios. Deixou a carreira corporativa para dedicar-se exclusivamente ao projeto Papai em Dobro e outros que abordam a participação paterna e a equidade de gênero, que nasceram após perder sua esposa por uma parada cardíaca. Assumiu integralmente a tarefa de cuidar dos filhos Pedro e Mariana que na época tinham 3 e 1 respectivamente. Ton encontrou na paternidade solo uma oportunidade de ressignificar situações de vida e teve sua história contada em diversos canais televisivos.