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Traição: perdão ou divórcio?
Um ditado muito pessimista diz ter dois grandes grupos no mundo: os que nunca descobriram que já foram traídos e os que ainda vão ser. Para resumir: TODOS VÃO PASSAR POR ESSA DOR. Sinceramente, prefiro acreditar que se trata apenas de uma piada de mau gosto, mas caso seja real, vamos pensar juntos em qual é o melhor passo (ou o menos dolorido) a se dar após essa punhalada chamada TRAIÇÃO.
Preparado ninguém está, nem os mais descolados e desapegados. Dói, e dói muito. Vem o questionamento do que poderíamos ter feito diferente e, por vezes, chegamos a nos culpar. Antes de pensar como será o ‘pós’, vamos apenas relembrar que a culpa não é e nunca será da pessoa traída. Não vamos confundir culpa da traição com a responsabilidade pela saúde do relacionamento. A culpa pela traição é de quem decidiu trair, desonrar o acordo, quebrar o pacto de fidelidade. Já a responsabilidade pela saúde do relacionamento sim, é dos dois.
Ok, Elaine, mas e aí? Fui traída (o), perdoo ou me divorcio? Vamos pensar que garantia de fidelidade ninguém tem e, pior, análise nenhuma vai dar, mas vamos pensar que a decisão deve ser baseada nas chances (ou prováveis chances) da ‘pilantragem’ acontecer novamente. A seguir, alguns passos para te ajudar nessa difícil decisão:
- POSTURA DO ‘CÔNJUGE TRAIDOR’ QUANDO DESCOBERTO: parece bobagem, mas não é. Assumir a culpa pelo erro não vai aliviar o tamanho do estrago. Porém, pessoas que culpam a (o) amante, a família, o próprio cônjuge traído, a vida, o universo (e tem, hein?!) não estão certos de que erraram, um indício bem forte de que farão novamente, já que se acham vítimas.
- CIRCUNSTÂNCIA: Não existe traição pequena ou grande. Traiu, quebrou o acordo, mas vamos pensar que uma pessoa que mantém um relacionamento extraconjugal por meses, anos, mentindo com frequência, inventando situações para os atrasos ou saídas e calculando friamente encontros, tem muito mais chance de fazer novamente do que aquela que, por uma oportunidade, deixou a carne falar mais alto e pah! Traiu. Não me entendam mal. Estamos aqui falando de chances de fazer novamente e não do tamanho do erro.
- DISPOSIÇÃO EM FAZER NOVOS ACORDOS: se houver perdão, a vida terá que andar para frente, claro! O cônjuge que traiu não vai precisar ficar pagando pelo pecado para o resto da vida, porém, deve estar ciente de que precisará ser paciente e empático. A insegurança após uma traição é inevitável e, para que ela seja neutralizada, algumas novas regras entre o casal poderão ser impostas como horários, companhias, etc. Caso o cônjuge traidor não aceite essas condições, podemos entender que não há intenção de refazer o elo, tampouco arrependimento. Cuidado!
- FOI UMA ÚNICA TRAIÇÃO?: Você já perdoou uma vez e ele (a) repetiu o erro. Mais uma vez trago um ditado: “quem faz uma pode não fazer duas, quem faz duas pode fazer três, quem faz três com certeza fará quatro”. Pense nisso!
Com esses questionamentos, a resposta fica por conta de cada um. Lembrando que toda decisão desse porte deve ser pessoal e intransferível! Se vale mais duas dicas… Vamos lá:
- Meu filho nasceu e meu casamento esfriou, normal?
- O homem casado e suas amigas solteiras: pode isso, produção?
- Um casal saudável também discute. Não fuja das DRs!
Decidiu perdoar? Olhe para frente, abrace o amor da sua vida e siga sem ligar para a opinião dos outros. Ame! Se entregue! Se um novo erro vier, é mais sobre ele do que sobre você, mas não se prive de ser feliz por medo.
Decidiu separar? A vida segue. O bloqueio das redes sociais pode ser um antídoto poderoso para a dor. Não busque vingança, tampouco deseje o mal. Cada um entrega o que tem. Seu recomeço depende de energia, não a gaste com o passado!
Sobre a autora
Elaine Damasceno (@elaine_damascenoo) é terapeuta de casais e idealizadora da Comunidade Vida de Casada, um espaço de acolhimento a mulheres que buscam evolução como esposas. Psicanalista formada pelo Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica (IBPC); certificada em Coach com formação em Professional e Self Coaching pelo Instituto Brasileiro de Coaching (IBC); especialista em Inteligência Emocional com ênfase em Família (IBC); especialista em Análise Comportamental (IBC); Graduada em Comunicação Social – Jornalismo – Unopar. Casada com Bruno Santos, mãe de 3 (Nicolle, Luiza e Theo).