inédita

Orquídea rara é registrada pela primeira vez no Litoral do Paraná

Flor encontrada no Litoral do Paraná era conhecida apenas no sudeste.

orquídea rara
Divulgação

Pesquisadores do Mater Natura (Instituto de Estudos Ambientais) registraram, pela primeira vez no Paraná, a orquídea Bulbophyllum campos-portoi Brade, espécie endêmica da Mata Atlântica, considerada uma orquídea rara devido à sua distribuição restrita no Brasil.

Até então, a planta era conhecida apenas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.

Orquídea rara é vista pela primeira vez no Paraná

A descoberta faz parte dos resultados do projeto Estudos da Restauração – Pesquisa, Estruturação e Planejamento, financiado pelo Programa Biodiversidade Litoral do Paraná (BLP).

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A orquídea rara foi encontrada em maio, durante uma expedição de campo no Parque Nacional de Saint-Hilaire/Lange, que abrange os municípios de Matinhos, Guaratuba, Morretes e Paranaguá.

O registro ocorreu nas proximidades do Salto do Tigre, em Matinhos, a cerca de 120 metros de altitude.

A espécie se destaca por apresentar flores verdes e labelo castanho com pontuações púrpuras, características que a diferenciam de outras do mesmo gênero.

Orquídea rara: avanço para a ciência

O gênero Bulbophyllum é um dos mais diversos da família Orchidaceae, com mais de duas mil espécies distribuídas em regiões tropicais. No Brasil, são conhecidas cerca de 60 espécies, sendo 17 delas no Sul do país.

Segundo o engenheiro florestal Daniel Zambiazzi Miller, coordenador da pesquisa no Mater Natura, o novo registro representa um avanço importante.

“Esse trabalho amplia significativamente o conhecimento sobre a flora regional e traz informações inéditas sobre a distribuição de espécies. Além da Bulbophyllum campos-portoi, outros dois novos registros para o estado já foram mapeados e estão em fase de publicação científica”, explica.

Pesquisa em germinação e frugivoria

Além do levantamento florístico, o projeto desenvolve experimentos de germinação e cultivo de espécies raras e ameaçadas, em parceria com o Laboratório de Sementes Florestais da UFPR. O objetivo é criar protocolos eficientes para produção de mudas e recuperação de áreas degradadas.

Outra frente são os estudos de frugivoria, com uso de armadilhas fotográficas no solo e no dossel da floresta para identificar animais dispersores de sementes.

As pesquisas já registraram interações inéditas entre fauna e flora, fundamentais para a regeneração da Mata Atlântica.

Animais ajudam na reprodução da orquídea

Entre as espécies estudadas está a bocuva (Virola bicuhyba), que depende de aves e mamíferos como tucanos, sabiás, macacos-prego e queixadas para a dispersão de sementes.

“Mais de 80% das plantas tropicais dependem de animais para se regenerar. Esse processo é essencial para a manutenção das florestas e da biodiversidade”, afirma Daniel.

A descoberta foi publicada na revista Acta Biológica Paranaense, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

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