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Conheça as origens dos principais rituais de passagem de ano dos brasileiros.
Com a chegada do dia 31 de dezembro, milhões de brasileiros dão início a um verdadeiro roteiro de simpatias de ano novo. Desde a escolha minuciosa da cor da roupa e o preparo da lentilha ao tradicional mergulho no mar.
Mas, para além da superstição, essas práticas revelam uma fusão de diferentes doutrinas, crenças ou práticas culturais e religiosas que misturam heranças africanas, europeias e orientais.
O hábito de vestir branco é, talvez, a simpatia de ano novo mais famosa do Brasil, mas ela nem sempre foi o padrão. Essa história ganhou força entre as décadas de 1950 e 1970.
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Segundo as pesquisas do historiador Luiz Antônio Simas, o movimento começou com praticantes da Umbanda e do Candomblé, liderados por figuras como Tata Tancredo, que levavam seus fiéis às praias cariocas para saudar Iemanjá vestindo a cor de Oxalá (que representa a paz).
O impacto visual das multidões de branco na areia foi tão forte que turistas e moradores passaram a adotar o traje, transformando um preceito religioso em um símbolo nacional de renovação.
Intimamente ligada ao uso do branco, a simpatia de ano novo de pular as sete ondas também tem raízes nas religiões de matriz africana.
O sete é um número sagrado na Umbanda, representando as sete linhas da religião e a saudação a Iemanjá, a Rainha do Mar.
Ao pular as ondas, o celebrante pede caminhos abertos. A tradição popular ainda vem com cuidados, como após os pulos, nunca dar as costas para o mar, para não “espantar” a sorte recém-adquirida.
Na ceia, o cardápio também é estratégico. A lentilha, por exemplo, chegou ao Brasil com os imigrantes italianos.
A lógica é visual. Após cozidos, os grãos se assemelham a pequenas moedas que crescem de tamanho. “Lenticchia a capodanno, fortuna tutto l’anno” (Lentilha no Ano Novo, fortuna o ano todo), diz o ditado italiano que atravessou o oceano.
Já as frutas trazem o misticismo do Oriente Médio e da Europa. A romã, ligada à fertilidade na mitologia grega, é usada para atrair dinheiro através de suas sementes guardadas na carteira.
As 12 uvas (uma para cada mês) são uma herança direta da colonização e influência espanhola, onde o costume é comer uma fruta a cada badalada do relógio à meia-noite.
Mas por que, em um mundo tão tecnológico, ainda mantemos hábitos tão antigos? Para o historiador e escritor Luiz Antônio Simas, em sua obra “O Corpo Encantado das Ruas”, essas práticas são formas de “encantamento” do cotidiano.
“O rito é uma forma de pontuar o tempo. Em um cotidiano muitas vezes duro, as simpatias funcionam como uma tecnologia de esperança”, explica o historiador.
Segundo Simas, ao pularmos as ondas ou escolhermos uma cor de roupa, estamos criando o que ele chama de “frestas de alegria”.
Não se trata de uma certeza científica de que o desejo se realizará, mas da necessidade humana de criar um marco simbólico que separa o que passou do que está por vir.
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