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Da Páscoa ao 25 de dezembro: como o Natal ganhou forma ao longo dos séculos
magia do natal
Conheça a história de três Papais e Mamães Noeis que trazem o espírito do Natal para Curitiba.
Em Curitiba, o Natal costuma ser associado às luzes do Calçadão da XV e às decorações espalhadas pelos parques da cidade. Além dos Papais Noéis.
Fora do circuito turístico, porém, a data ganha outro significado. É ali que o Natal acontece no esforço silencioso de quem troca o descanso pela rotina de carregar sacos de brinquedos, visitar hospitais e ouvir histórias nas periferias.
Para os verdadeiros “papais noéis” de Curitiba, o espírito natalino não é um evento que surge apenas em dezembro. Ele nasce da decisão cotidiana de ajudar quem está por perto e de transformar pequenos gestos em cuidado.

Abilio Machado divide o tempo entre o trabalho como Papai Noel profissional em campanhas publicitárias e a atuação voluntária em hospitais como o Hospital de Clínicas e o Pequeno Príncipe. Para ele, a fantasia vai além da tradição e se torna uma ferramenta para falar sobre temas sensíveis, como saúde mental e inclusão.
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Por meio do projeto Natal Encantado, Abilio criou a história da Estrelinha que se Escondeu, usada para conversar com crianças sobre depressão e ansiedade de forma leve e acolhedora.
“O Natal não é só ganhar presente; é o nascimento de um novo ser humano em espírito”, explica.
A inspiração para o projeto veio de uma tia envolvida com projetos sociais, mas também de uma lembrança de infância marcada pela frustração, quando um presente recém-ganho foi retirado para ser dado a outra pessoa.
Hoje, ele faz questão de garantir que ninguém fique sem nada. Em uma das ações, doou uma Pantera Cor-de-Rosa de um metro e meio do próprio acervo para uma menina que chegou depois que os presentes haviam acabado. Para Abilio, o Natal é um momento de balanço sobre como fomos ao longo do ano, se conseguimos ser mais gentis no trabalho e se cuidamos da saúde, da família e dos outros.

Na Comunidade Barroca, no bairro Santa Cândida, Alice Magrit é o nome por trás da festa de Natal que atende cerca de 200 crianças. Presidente da Associação de Moradores, ela deu continuidade ao voluntariado iniciado pela mãe, que faleceu e deixou como herança o Projeto Vó Nena.
Alice conta que, ao se mudar para a comunidade, percebeu que não poderia abandonar um trabalho que a mãe dedicou a vida inteira a construir. Para ela, o Natal é, antes de tudo, um exercício de união. Recentemente, a festa quase foi comprometida pela falta de um forno para assar os bolos, mas a solução veio da própria comunidade.
As mães se organizaram e usaram os fornos de casa, em um gesto que Alice define como solidariedade em estado puro. Além das celebrações, sua atuação se estende à luta por direitos básicos. Foi por meio do Ministério Público que ela conseguiu o ônibus escolar para as crianças da região, que antes caminhavam cerca de uma hora até a escola.
“Não tem recompensa maior do que fazer para uma criança. Eles são puros”, comenta a Mamãe Noel.
Alice acredita que quem faz trabalho social é Papai Noel o ano inteiro, já que sempre há alguém precisando de um remédio, de uma cesta básica ou de ajuda para atravessar um momento difícil.

No bairro Pinheirinho, Andréia Regina Mileskin quebra a tradição ao vestir-se como o próprio Papai Noel, acompanhada por uma amiga que assume o papel de Mamãe Noel. A motivação vem justamente daquilo que lhe faltou na infância.
Andréia acredita que não ter vivido a experiência de um Papai Noel quando criança despertou o desejo de proporcionar isso a outras pessoas. O projeto começou com caminhadas pelas ruas do bairro e, com o tempo, evoluiu para carreatas, permitindo alcançar um número maior de famílias.
“Minha vontade é passar para os outros o que eu gostaria que tivesse acontecido comigo”, explica
Algumas lembranças seguem vivas, como a de um jovem acamado que se esforçou para ir até o portão vê-la passar e a de uma senhora de 80 anos que chorou ao recebê-la em um abraço.
Para Andréia, as pessoas estão carentes de gestos simples de afeto e, muitas vezes, o melhor presente não cabe em uma sacola.
“Se eu consigo levar alegria para alguém, eu estou realizada”, diz.
O planejamento começa seis meses antes, com a arrecadação de doces e a manutenção da fantasia, tudo para garantir que o brilho nos olhos de quem espera pelo Natal não se apague.
O trabalho de Abilio, Alice e Andréia mostra que o Natal em Curitiba acontece nos detalhes, no tempo doado e na escolha diária de olhar para a necessidade do vizinho.
No fim das contas, são essas pessoas que, entre um abraço e a entrega de um brinquedo, mantêm vivo o espírito natalino na cidade.
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