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Entre o treinamento e o acolhimento de pacientes que buscam amparo, o voluntariado do Hospital Cajuru completa 19 anos.
Entre as árvores que emolduram a fachada do Hospital Universitário Cajuru, o movimento é constante. Do lado de fora, o cenário é de esperas silenciosas e o peso de notícias que ainda não chegaram.
Ao cruzar a porta da recepção, no entanto, a quietude é substituída pelo ritmo organizado de um projeto que, há 19 anos, tenta suavizar o ambiente clínico com o voluntariado hospitalar.
Ali, o voluntariado não é apenas um gesto de auxílio, mas uma engrenagem que conduz o paciente por uma rotina de cuidados que vai além da medicina.

Para quem entra no projeto, a primeira lição não é técnica, mas sensorial. No treinamento “Sentindo na Pele”, idealizado pela coordenadora Nilza Brenny e executado com o apoio da equipe pastoral, o voluntário assume o papel de quem é conduzido.
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Deitado em uma maca, o mundo se reduz às luzes fluorescentes que passam rápido pelo teto e ao som rítmico das rodas no piso.
É um exercício de vulnerabilidade. Rodrigo Fornasier, membro da pastoral do Grupo Marista, descreve a maca como um símbolo de travessia. O objeto que retira o indivíduo de sua vida cotidiana e o entrega ao cuidado institucional.
Nesta perspectiva, o ato de empurrar a maca deixa de ser mecânico; torna-se uma condução que exige silêncio, técnica e uma consciência do “sagrado” que reside na fragilidade alheia.

Ao percorrer os quartos no voluntariado hospitalar de escuta, a equipe depara-se com as diferentes camadas sociais que compõem o Cajuru.
O hospital opera em duas frentes, atendendo o sistema público, com o hospital universitário, e o particular, com o Hospital São Marcelino Champagnat, e o contraste nas percepções de conforto é nítido. Contudo, é na ala pública que a função social da instituição se torna mais evidente.
Para uma parcela significativa dos pacientes de baixa renda, o leito hospitalar oferece um padrão de dignidade que a rotina fora dali nega.
É o caso de pacientes como Júlio (nome fictício), que em recuperação de uma colonoscopia, não foca sua narrativa na dor do procedimento, mas no conforto das instalações e na qualidade das refeições.
Para muitos que chegam ao Cajuru, a bandeja de comida quente e o lençol limpo representam um raro momento de segurança alimentar e física. O hospital, para além da cura, torna-se um local onde necessidades básicas são finalmente atendidas.

A rotina, por vezes densa e marcada por traumas físicos, encontra respiros em figuras inesperadas. O surgimento de personagens como Fiona e Batman nos corredores altera a temperatura emocional do hospital.
Colaboradores e pacientes, em um intervalo rápido entre medicação e triagem, interrompem o passo para registrar o encontro. A presença desses voluntários, que não precisam de diálogos para comunicar alegria, é uma estratégia para romper o sofrimento.
A estrutura do projeto é rigorosa, mantida por cerca de 400 voluntários que, como Heidi Stellfeld, que há um ano atravessa a rua de casa para servir no hospital, doam até 15 horas semanais.
Entre eles estão juízes, médicos e professores, todos submetidos à mesma escala e ao mesmo propósito do acompanhamento solidário.
O que se observa nos corredores do Cajuru é uma tentativa de humanizar o inevitável. Entre o drama dos acidentes e a esperança de alta, o voluntariado hospitalar atua no preenchimento dos vazios, garantindo que, enquanto o corpo se recupera, a pessoa por trás do diagnóstico seja vista, ouvida e, acima de tudo, devidamente acompanhada.
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