Economia e Agronegócio
AGRONEGÓCIO
Inovação na agricultura, um exercício diário de resiliência
Cada produtor precisa se colocar no papel de ‘servir de exemplo’ de práticas agrícolas responsáveis e de visão voltada para a qualidade.
Por Pedro Basso
CEO da Sementes com Vigor (SCV)
Grande parte do Agronegócio brasileiro está alicerçado em empresas familiares, o que, por si só, já é um grande desafio. Você tem como familiares como diretores, amigos de infância como funcionários e precisa desenvolver conjuntamente a capacidade de separar o ‘íntimo’ do ‘empresarial’. Mas também é uma grande alegria quando se consegue encontrar neste cenário as pessoas que querem o mesmo que você e estão ali para segurar forte tua mão em todas as circunstâncias. O Agro, de um modo geral, tem esse DNA, tem essa alma de ser o negócio de uma Família que entra na casa de todas as famílias. É assim que me sinto! Importante, orgulhoso de fazer o melhor e, também, me sinto honrado de trabalhar com algo com tanto significado e relevância para todos: o Alimento.
Temos mais de meio século de história, sempre atentos à inovação e à experimentação, mas sem perder a rota da história que veio antes de mim. Ter tradição na agricultura foi um posto suado de conquistar, e mantê-lo é um exercício diário de humildade e resiliência. Estamos no interior do RS, em Muitos Capões, no norte do Rio Grande do Sul, e nosso questionamento constante é… como manter a empresa se destacando e surpreendendo Clientes e Parceiros de Negócio?
Acredito nas escolhas que meu avô fez, que meu pai aprimorou e acredito que para acertar é preciso aprender a errar, e buscar novos manejos, estudar e reverberar o conhecimento que temos para o máximo número de profissionais e agricultores. Sim! Por que, qual sentido há em represar nossas experiências e conhecimento!? Se agricultores como eu não seguirem práticas coerentes com a sustentabilidade dos recursos naturais, o esforço de mais de 50 anos da minha família e de muitas outras, pode se perder. E por quê? No Campo somos todos interligados, pela Terra, pelo Ar, pelas Águas das chuvas e dos rios e córregos… Simples assim.
Acredito que uma lavoura deve usar da diversidade de culturas para manter o seu equilíbrio sanitário e produtivo. Usar produtos de qualidade e procedência. Renovar o solo através de culturas forrageiras, ou quem quiser ampliar mais o horizonte pode usar técnicas da Integração Lavoura-Pecuária. São várias as opções que tornam a agricultura uma aliada do Meio Ambiente, criando um Ciclo Virtuoso de coexistência. Exaurir a terra não é uma opção, não é um manejo que faz sentido para quem vive dela. Até porque, a conta-final não vai fechar!
Ter sementes melhoradas de alto padrão genético, é o primeiro passo para alcançar um alto rendimento produtivo. Como somos adeptos ao plantio direto, em nossa fazenda há diversidade de culturas para que uma planta ajude a outra a se nutrir. Essa é a lógica para que cada planta deixe o seu legado no solo, nutrindo-o e, assim, renovando sua capacidade de resistência. Apostar nessa prática forte de rotação de culturas contribui para a sustentabilidade do manejo agrícola criando, dessa forma, a resiliência no seu ambiente e trazendo diversidade econômica e estabilidade consistentes e recorrentes aos agricultores.
E como alcançar essa realidade? Investindo em sementes de alta qualidade, aplicando multiculturas que melhoram e ampliam a disponibilidade de nutrientes no solo, fazendo com que, de maneira mais natural, as plantas utilizem esses recursos. Ou seja, o legado que a prática da multicultura deixa é de um solo com nutrientes mais disponíveis para as Culturas. Assim, as plantas sofrem menos com as variações do ambiente.
Buscar uma gama de culturas que inclua plantas de cobertura e serviço junto com as de produção em escala como soja, trigo, aveia, cevada, milho, feijão e outras produzidas em áreas de rotação de culturas, no propósito de seguir no plantio direto… têm sido um exercício diário há mais de 30 anos. O método é reconhecido por sua capacidade de reduzir a erosão do solo, aumentar a matéria orgânica e promover um sistema de produção mais sustentável. E, também, levando em conta os estudos atuais de se trabalhar nas propriedades a incorporação de manejos com menor impacto do Carbono. Levar isso a sério e ir implementando práticas que garantam a pureza, sanidade e vigor das sementes, possibilita ao agricultor alcançar um potencial produtivo acima da média. E mantendo uma boa safra, mesmo diante de incertezas e adversidades climáticas.
Até porque, é só olhar o mercado nacional, para perceber as oportunidades que vão surgindo; por exemplo a soja e o trigo que são culturas de grande peso para a econômica brasileira e que, nos últimos 15 anos, aumentaram seu valor agregado diante dos concorrentes internacionais. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a produção de soja no Brasil para a safra 2024/25 deve crescer 12,82%, alcançando 166,28 milhões de toneladas, mesmo havendo alguma certa quebra por conta das enchentes no RS.
Inclusive, importante ressaltar que o Rio Grande do Sul, este ano, ainda vai fornecer semente para o Paraná. Porque os produtores paranaenses tiveram uma quebra grande por conta da seca na região produtora de sementes. E, por isso, que por lá há atraso do plantio da soja e, talvez, possível redução do plantio de milho-safrinha, e com isso o mercado gaúcho será o fornecedor de sementes. E, também, apesar da pressão sobre os preços nacionais e dos desafios de rentabilidade, soja e trigo continuam sendo produtos lucrativos e de alta liquidez no mercado brasileiro. A Sementes Com Vigor, com sua produção diversificada e práticas agrícolas sustentáveis, está bem-posicionada para contribuir e se beneficiar desse crescimento.
Quanto ao trigo, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou os preços mínimos para a safra 2024/2025, que são definidos antes do início da safra e servem para orientar os produtores quanto à decisão de plantio. Esses preços mínimos são uma ferramenta crucial para garantir uma remuneração justa aos produtores rurais e sinalizar o comprometimento do governo em apoiar a comercialização do cereal. E o Rio Grande do Sul por produzir sementes de trigo de qualidade, desempenha um papel vital nessa cadeia produtiva do trigo, ajudando o país a fortalecer a segurança alimentar e a buscar sua independência produtiva.
Cada produtor precisa se colocar no papel de ‘servir de exemplo’ de práticas agrícolas responsáveis e de visão voltada para a qualidade, assim ganha toda a Cadeia por escalar resultados de sucesso comercial e contribuição significativa para a economia agrícola do país. Com sua abordagem de longo prazo para a produção de sementes e o compromisso com a sustentabilidade, os produtores não só prosperam em um mercado competitivo, mas também, ajudam a moldar um futuro mais verde, produtivo e de vanguarda para a agricultura brasileira.