Segurança

Chefe do FMI apela por ação forte do G20 para reverter “divergência perigosa” na economia global

Diretora gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva
Diretora gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva

WASHINGTON (Reuters) – O G20 deve tomar medidas fortes para reverter uma “divergência perigosa” que ameaça deixar a maioria das economias em desenvolvimento definhando por anos, disse a chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) em um blog nesta quarta-feira.

A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, afirmou que “uma colaboração internacional muito mais forte” é necessária para acelerar a distribuição de vacinas contra a Covid-19 nos países mais pobres, incluindo financiamento adicional para ajudá-los a comprar doses e realocar o excedente de vacinas de alguns mercados para outros com déficit.

O FMI projetou recentemente que a economia global vai crescer 5,5% neste ano e 4,2% em 2022, mas Georgieva alertou que as perspectivas permanecem incertas, citando preocupações sobre as mutações do coronavírus e distribuição lenta de vacinas na maior parte do mundo.

“Será uma ascensão longa e incerta”, escreveu ela em um blog que acompanha o relatório de supervisão do FMI preparado para a reunião de sexta-feira entre autoridades de finanças do G20, instando-os a tomar medidas para evitar o que ela chamou de “Grande Divergência”.

“Há um grande risco de que, à medida que as economias avançadas e alguns mercados emergentes se recuperem mais rapidamente, a maioria dos países em desenvolvimento definhem nos próximos anos”, disse ela. “Se quisermos reverter essa divergência perigosa entre os países e dentro deles, precisamos tomar medidas fortes agora.”

No final de 2022, o FMI estima que a renda per capita cumulativa ficará 22% abaixo das projeções pré-crise nos países emergentes e em desenvolvimento, exceto a China, em comparação com 13% nas economias avançadas e 18% nos países de baixa renda.

O FMI também está vendo um distanciamento acelerado dentro dos próprios países, com a perda de empregos atingindo jovens, pouco qualificados, mulheres e trabalhadores informais de maneira desproporcional, enquanto milhões de crianças enfrentam interrupções na educação.

Acabar com a pandemia mais rapidamente acrescentaria 9 trilhões de dólares à economia global até 2025, com cerca de 4 trilhões de dólares indo para as economias avançadas, superando “de longe” qualquer custo relacionado à vacina, disse ela.

Além de iniciativas para acelerar as vacinações, Georgieva disse que a capacidade de produção dos imunizantes deve ser significativamente ampliada para 2022 e além, e os formuladores de política devem considerar oferecer garantias aos fabricantes de vacinas contra riscos de superprodução.

Ela pediu apoio fiscal continuado e direcionado por parte dos governos do G20 para apoiar as economias e disse que os bancos centrais devem manter políticas monetárias e financeiras acomodatícias para sustentar o fluxo de crédito para famílias e empresas.

Mas ela alertou que o apoio continuado à política monetária havia levantado “preocupações legítimas sobre consequências não intencionais, incluindo excessiva tomada de risco e exuberância do mercado”.

Os países do G20 também devem aumentar o suporte a nações vulneráveis ​​por meio de financiamento adicional com condições facilitadas, ao mesmo tempo que alavancam o financiamento privado por meio de instrumentos mais fortes de compartilhamento de risco e continuam a trabalhar no alívio da dívida, disse Georgieva.

Ela afirmou que uma nova alocação da moeda do FMI –os chamados Direitos Especiais de Saque (SDRs, na sigla em inglês)– aumentaria substancialmente a liquidez dos países sem elevar o peso da dívida. Também iria expandir a capacidade de nações doadoras de fornecer novos recursos.

A Itália, que preside o G20 neste ano, está pressionando por uma alocação de 500 bilhões de dólares, um movimento apoiado por França, Alemanha e outros grandes países.

Os Estados Unidos se opuseram a tal movimento no governo do ex-presidente Donald Trump, mas ainda não comunicaram uma posição firme sobre uma nova alocação de SDRs sob o governo do presidente Joe Biden.

(Por Andrea Shalal)

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