Segurança

Dona de asilo particular no Paraná é presa após morte de idoso

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Divulgação/MPPR

A proprietária de um asilo particular de Maringá foi presa nesta quarta-feira (4) depois que um homem de 91 anos morreu dentro da Instituição de Longa Permanência de Idosos (ILPI). A prisão foi autorizada pelo Poder Judiciário a partir do pedido do Ministério Público do Paraná (MPPR) durante a apuração de notícias de maus-tratos e agressões físicas que teriam culminado com uma queda da vítima, que fraturou um fêmur e acabou morrendo na semana passada em decorrência disso.

O caso é conduzido pela 14ª Promotoria de Justiça da comarca, que também obteve uma ordem de busca e apreensão na ILPI e na residência da mulher.

Além da prisão e dos mandados de busca e apreensão, o Ministério Público ingressou com ação civil pública para que a instituição seja interditada liminarmente e depois fechada em definitivo. O MPPR requer ainda que a dona do lugar e sua filha, sócias na empresa, sejam proibidas de voltar a exercer qualquer tipo de atividade relacionada ao cuidado de pessoas idosas. A Justiça deferiu a liminar e a ILPI foi interditada nesta quarta-feira. Todos os 12 idosos mantidos ali devem ser encaminhados a suas famílias.

Foi estabelecido prazo de 48 horas para realocação dos internos, com encaminhamento aos familiares responsáveis, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 (limitada a 60 dias). A Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania e a Vigilância Sanitária do Município de Maringá também foram notificados da decisão, para que acompanhem o caso dos demais idosos.

Idosos dopados no asilo

Na ação, a Promotoria relata que desde 2018 o MPPR, a Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania, o Conselho Municipal dos Direitos do Idoso e a Vigilância Sanitária Municipal acompanham notícias de irregularidades relacionadas à ILPI, como falta de licenças e documentação, presença de funcionários não qualificados e problemas de ordens estrutural e sanitária, dentre outros. A dona do estabelecimento, entretanto, sempre apresentou às autoridades justificativas que davam a entender que havia uma preocupação com o cuidado dos internos e que as ilegalidades seriam corrigidas.

No entanto, no hospital para o qual foi encaminhado o idoso que quebrou o fêmur, além de ser observado que ele vinha sendo mantido em condições de higiene precárias, o homem relatou à família ter sofrido diversas violências físicas e psicológicas, sendo as agressoras as duas donas da entidade e uma funcionária.

Além das suspeitas de abuso, há indícios de que ele e outros internos estariam sendo mantidos sedados com medicação – a queda, segundo informado ao MPPR, pode ter ocorrido em razão disso. Como cita a Promotoria de Justiça, o idoso “destacou que desferiam socos contra ele, tendo, em determinada ocasião, o asfixiado”. Ele também afirmou que teve os cabelos cortados à força e que “os idosos remanescem dopados com medicamentos naquele local”, sendo que muitos têm medo de noticiar as violências por causa de ameaças feitas pelas envolvidas no processo.

A responsável pela ILPI foi encaminhada à 9ª Subdivisão Policial de Maringá. O caso tramita sob sigilo para que seja preservada a identidade da vítima e em proteção dos demais idosos internados na entidade.