Segurança

Grupos de pecuaristas do Brasil se opõem à importação de gado do Paraguai

Criação de gado na região de Cadete Pando, no Chaco, Paraguai
Criação de gado na região de Cadete Pando, no Chaco, Paraguai

Por Ana Mano

SÃO PAULO (Reuters) – Um grupo comercial que representa frigoríficos no Brasil pediu autorização ao Ministério da Agricultura para importar gado do Paraguai, o que atraiu críticas de pecuaristas brasileiros, disseram duas associações rurais nesta quarta-feira.

O pedido para importação de gado vivo do país vizinho, realizado por um grupo com sede em Mato Grosso do Sul, que faz fronteira a leste com o Paraguai, ocorre após a disponibilidade de gado no Brasil diminuir nos últimos meses, devido à forte demanda das processadoras de carne.

Mas a Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul) e a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), que representam pecuaristas nos respectivos Estados, disseram se opor à medida, pois poderia comprometer o status sanitário do gado produzido no Brasil, que possui o maior rebanho comercial do mundo.

Os dois Estados possuem cerca de 51 milhões de cabeças de gado, o que corresponde a quase 24% do rebanho total do Brasil, segundo dados do governo.

Embora Brasil e Paraguai sejam considerados livres de febre aftosa com vacinação, segundo a Organização Mundial da Saúde Animal, a Acrissul e a Acrimat disseram à Reuters que garantir o status sanitário do gado importado do Paraguai seria um desafio.

O Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados do Estado do Mato Grosso do Sul (Sicadems), que solicitou a autorização para importação, não pôde ser contatado para comentários.

O custo do gado brasileiro aumentou conforme o país, maior exportador mundial de carne bovina, vendeu volumes recordes da proteína a países como a China no ano passado, reduzindo as ofertas e causando uma alta nos preços domésticos do animal.

Matheus Andrade, um consultor de relações internacionais, afirmou que a importação de gado exigiria a emissão de um certificado internacional de saúde animal pelo Ministério da Agricultura.

Esse movimento poderia gerar um precedente, potencialmente abrindo o caminho para a emissão de certificados semelhantes em nome de outros países exportadores de gado, disse ele.

O Ministério da Agricultura não possuía imediatamente comentários sobre a possibilidade de autorizar a importação de gado.

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