Justiça Trabalhista

Escravizado tatuado com iniciais de patrão receberá indenização milionária

Homem mantido em condições degradantes e tatuado à força pode receber R$ 1,3 milhão em indenizações, segundo o Ministério Público do Trabalho.

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Foto: reprodução

O trabalhador escravizado e tatuado com as iniciais do patrão deve receber uma indenização milionária, segundo uma ação do Ministério Público do Trabalho (MPT).

O caso aconteceur em Planura, em Minas Gerais, no Triângulo Mineiro, e ganhou novos desdobramentos após o órgão pedir à Justiça uma indenização de R$ 1,3 milhão para o homem submetido por quase nove anos a trabalho análogo à escravidão, com registros de tortura física e psicológica.

A brutalidade do caso chamou a atenção pela prática de tatuagem forçada. O trabalhador foi marcado com as letras “A.J.”, iniciais atribuídas aos empregadores, como forma de simbolizar a posse sobre o corpo da vítima.

Além da tatuagem, ele sofreu uma série de abusos que incluíram tortura, ameaças, humilhação e exploração laboral contínua, sem salário ou direitos.

Resgate de escravizados revelou cenário de abusos extremos

A operação de resgate ocorreu entre os dias 8 e 15 de abril e contou com a participação de auditores fiscais do Ministério do Trabalho, Polícia Federal e o próprio MPT.

No local, encontraram dois trabalhadores domésticos submetidos a jornadas exaustivas, sem alimentação adequada, pausas ou remuneração.

A vítima principal, um homem homossexual e em condição de vulnerabilidade social, vivia sob constante vigilância e sofreu violações sexuais documentadas em vídeos gravados pelos empregadores. Os registros mostram cenas de agressão, enforcamento e mutilações.

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Em um dos episódios, ele foi forçado a comer as próprias fezes após ter o ânus costurado de maneira improvisada. Os ferimentos foram periciados pelas autoridades.

Segundo o MPT, os agressores utilizavam redes sociais para atrair vítimas com promessas falsas de emprego e moradia.

As abordagens aconteciam principalmente em grupos e comunidades LGBT+, explorando a fragilidade emocional e social dessas pessoas.

Segunda vítima sofreu AVC por estresse

Além do homem escravizado e tatuado, uma mulher trans uruguaia também foi resgatada. Ela relatou que trabalhou por seis meses na residência, com promessa de salário de R$ 700, mas recebendo menos de R$ 100 mensais após supostos descontos.

A vítima chegou a sofrer um acidente vascular cerebral, provocado pelo estresse contínuo no ambiente de trabalho.

Pedido de indenização inclui danos morais e salários

A ação civil pública movida pelo MPT exige:

  • R$ 300 mil em salários atrasados e verbas rescisórias;
  • R$ 1 milhão por danos morais e existenciais;
  • Mais R$ 2 milhões por danos morais coletivos, a serem revertidos em políticas públicas e ações sociais.

O órgão também solicita que os réus façam as anotações trabalhistas devidas no período de 2016 a 2025.

Três homens foram presos em flagrante pela Polícia Federal. Seus nomes permanecem sob sigilo para preservar as vítimas, considerando o alto grau de violência física, sexual e psicológica sofrida.