DETIDA

Mulher que matou marido e escondeu corpo em freezer é presa

Ela alegou que sofreu agressões físicas, psicológicas e financeiras por mais de 20 anos

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Reprodução/Redes sociais

Claudia Tavares Hoeckler, acusada de matar o marido Valdemir Hoeckler e esconder o corpo dele dentro de um freezer em Santa Catarina (SC), foi presa preventivamente. De acordo com o Ministério Público de Santa Catarina, a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi cumprida no último sábado (31).

A prisão aconteceu dois anos após a morte de Valdemir Hoeckler. Em 19 de novembro de 2022, a esposa dopou e matou o marido em Lacerdópolis, no Oeste de SC. Ela confessou o crime e ficou detida entre novembro de 2022 e agosto de 2023. Depois, ela teve a liberdade concedida com o uso da tornozeleira.

Após ficar cinco dias desaparecido, Valdemir Hoeckler, de 52 anos, foi encontrado na casa em que o casal vivia. A esposa amarrou os pés, pernas e braços dele e o asfixiou com uma sacola.

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A morte teria sido motivada, segundo a mulher, por diversos episódios de violência doméstica. Ela alegou que sofreu agressões físicas, psicológicas e financeiras por mais de 20 anos.

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Com a medida de prisão, a mulher irá à júri popular. Ela responde por homicídio duplamente qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica. As qualificadoras são asfixia e emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

O processo tramita em segredo. A defesa se manifestou, confira:

“A defesa de Claudia Fernanda Tavares vem a público manifestar sua perplexidade e indignação diante da decisão do Superior Tribunal de Justiça, que, após inúmeros recursos do Ministério Público, determinou, no dia 30 de maio de 2025, o restabelecimento de sua prisão preventiva. O que está em jogo neste momento transcende os limites de um processo penal: trata-se do direito de uma mulher reconstruir a própria vida depois de décadas de violência.

Claudia esteve em liberdade por quase dois anos – de agosto de 2023 a maio de 2025 – cumprindo rigorosamente todas as medidas cautelares impostas pela Justiça, trabalhando em três turnos para garantir o sustento de sua família, comparecendo a todos os atos do processo e vivendo com dignidade ao lado da filha.

Neste período, não cometeu qualquer infração penal, não violou nenhuma condição imposta pelo Judiciário, tampouco apresentou qualquer risco à sociedade. Ainda assim, vê-se agora diante de uma decisão que ignora sua trajetória recente e a realidade concreta de sua vida.

É necessário dizer com todas as letras: Claudia foi vítíma de violências domésticas – física, psicológica, sexual, moral e patrimonial – ao longo de mais de vinte anos de convivência com a vítima.

Sua história é a de milhares de mulheres brasileiras que, mesmo após romper ciclos de agressão, continuam sendo punidas por sobreviver. A defesa já está tomando todas as providências jurídicas cabíveis para reverter essa decisão, confiando que o Judiciário, através de uma decisão colegiada, será sensível ao novo contexto e à realidade de uma mulher que, mesmo marcada pela dor, não se rendeu ao desespero. Claudia merece seguir em liberdade – não como um favor, mas como expressão de justiça.

A sociedade brasileira não pode aceitar que a prisão preventiva se transforme em puniçãoantecipada, especialmente contra mulheres que, como Claudia, lutam todos os dias para reerguer suas vidas.

Os advogados permanecem à disposição da imprensa e das entidades de direitos humanos para esclarecimentos adicionais.

Eduardo Fernando Rebonatto

Matheus Molin

Tiago de Azevedo Lima

Eduardo Rebonatto”.