Política

MP pede alerta preventivo do TCU de crime de responsabilidade de Bolsonaro se sancionar Orçamento

Presidente Jair Bolsonaro em Brasília
Presidente Jair Bolsonaro em Brasília

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) apresentou um pedido para que a corte faça um alerta preventivo de possíveis crimes de responsabilidade fiscal e comum que podem ser cometidos pelo presidente Jair Bolsonaro em caso de sanção da peça orçamentária deste ano, recém-aprovada pelo Congresso Nacional.

O MP recomenda que o aviso seja encaminhado ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e ao procurador-geral da República, Augusto Aras.

O pedido também pede para se apurar a responsabilidade da área técnica do Ministério da Economia por ter tido participação “ativa e contínua” na elaboração da peça que tramitou no Congresso.

A Advocacia-Geral da União (AGU) e a Secretaria de Comunicação da Presidência não responderam de imediato aos pedidos de comentário feitos por e-mail.

Segundo a representação assinada pelo subprocurador-geral do TCU Lucas Furtado, teria havido um remanejamento de 26,45 bilhões de reais em recursos de despesas obrigatórias do Orçamento deste ano para o custeio de emendas parlamentares sem que tenha havido justificativa técnica para isso.

“O valor que foi remanejado estava originalmente vinculado a despesas obrigatórias relativas a pagamentos de benefícios previdenciários, abono salarial e seguro-desemprego. Como são despesas obrigatórias, não podem deixar de ser suportadas. Ou seja, ocorreu uma ‘maquiagem’ do orçamento, prevendo recursos que, a rigor, não existem, porque não podem ser desvinculados de sua obrigatoriedade de execução natural”, argumentou.

Furtado disse que a “grave situação” do Orçamento pode afetar a regra do teto de gastos e o limite de despesas obrigatórias que também está sujeito ao teto.

O crime de responsabilidade pode levar o presidente a responder a um processo de impeachment. Foi também por questões fiscais, por exemplo, que a então presidente Dilma Rousseff foi alvo de um processo de impedimento que posteriormente levou à deposição da petista do cargo em 2016.

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