Política
Após cravar resultado da eleição, Paraná Pesquisas explica método usado no levantamento


Em meio às polêmicas envolvendo as pesquisas eleitorais realizadas pelos principais institutos do país, uma das empresas se destacou por praticamente cravar o resultado que sairia nas urnas. A Paraná Pesquisas divulgou um levantamento no sábado apontando que a diferença entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) seria por uma questão de centésimos, o que se confirmou durante a apuração dos votos.
Murilo Hidalgo, diretor do Paraná Pesquisas, participou nesta segunda-feira (31) do programa Turma do Ratinho, da Massa FM, e explicou o que pode ter gerado a discrepância entre os números apresentados por outras empresas. Alguns institutos apontavam vantagem de até oito pontos percentuais para Lula, enquanto outros indicaram vitória folgada de Bolsonaro.
No sábado (29), véspera da eleição, o Paraná Pesquisas apontou que Lula seria eleito com 50,4% dos votos válidos, contra 49,1% do atual presidente. Nas urnas, o resultado foi quase o mesmo: 50,9% a 49,1%.
“O grande mérito da Paraná Pesquisas foi ter acertado a calibragem. Em momento algum discutimos a renda do entrevistado, era uma discussão inócua”, aponta Hidalgo. “Acreditamos no resultado coletado pelas pesquisas em campo, sem ponderar eleição passada ou primeiro turno, a gente apostou na nossa calibragem que era sexo, faixa etária e escolaridade do entrevistado”, esclarece.
Hidalgo ainda aproveitou para lamentar as matérias que apontavam que o Paraná Pesquisas tinha vencido uma licitação do governo federal na atual gestão. “Realmente, ganhamos uma licitação de pregão eletrônico, mas o instituto ligado a essa empresa de comunicação que divulgou essa notícia ganhou o mesmo contrato no governo de São Paulo e, em momento algum, esse assunto foi divulgado, para mim, pau que bate em Chico bate em Francisco”, compara.
Pesquisa eleitoral influencia o eleitor?
Uma das polêmicas envolvendo as pesquisas eleitorais foram os resultados discrepantes da realidade das urnas, o que gerou protestos de candidatos derrotados e até mesmo o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a atuação dessas empresas.
Para o diretor da Paraná Pesquisas, há uma pequena influência, mas não a ponto de decidir o pleito. “Não vejo que ela [pesquisa] decide uma eleição, se não os institutos não errariam o resultado, mas tem alguma interferência psicológica no candidato e também muda o humor do eleitor, pode fazer com que ele não vá votar, por exemplo”, analisa Hidalgo.
Ele também se diz contrário às intenções da CPI que pretende investigar a ação dos institutos de pesquisa, mas acredita que algumas regulamentações são necessárias. “Discordo dos meus concorrentes e defendo que precisa haver uma punição pelos erros, assim como tem ao médico, engenheiro e ao dentista quando eles cometem algum equívoco”, sinaliza. “Não pode ficar o erro pelo erro, mas acho que criminalizar as empresas já é demais”, complementa.