Infraestrutura e Logística

Paraná realiza leilão inédito do Canal de Acesso ao Porto de Paranaguá

Consórcio formado por empresas do Brasil e da Bélgica vence o leilão do Canal de Acesso ao Porto de Paranaguá, com R$ 1,23 bilhão em investimentos.

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Foto: Eriksson Denk/AEN

O leilão do Canal de Acesso ao Porto de Paranaguá, realizado na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), marcou um momento histórico para o setor logístico e portuário do Paraná. O Consórcio Canal Galheta Dragagem (CCGD), formado pela empresa brasileira FTS e pela belga DEME, venceu a disputa pela concessão.

O evento, conhecido como o leilão do Porto de Paranaguá, estabeleceu um novo modelo de concessão no Brasil e promete transformar a infraestrutura marítima do estado.

O contrato terá duração de 25 anos e prevê R$ 1,23 bilhão em investimentos, voltados à ampliação e manutenção do canal. A principal intervenção será o aprofundamento do Canal da Galheta, que passará de 13,3 metros para 15,5 metros, permitindo o acesso de embarcações maiores e aumentando a competitividade do porto.

Investimentos ampliam competitividade do Porto de Paranaguá

De acordo com o governador Carlos Massa Ratinho Junior, o resultado do leilão representa mais um passo no planejamento estratégico iniciado em 2019 para consolidar o Paraná como o principal hub logístico da América do Sul.

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“Desde o início da nossa gestão, o objetivo é transformar o Paraná na central logística da América do Sul. O Porto de Paranaguá já é o mais eficiente do Brasil por seis anos consecutivos, e esse novo modelo vai reduzir custos e aumentar a movimentação de cargas”, afirmou Ratinho Junior.

O governador destacou ainda outras obras estruturantes em andamento, como o novo Moegão ferroviário, que deve aumentar em 35% a capacidade de carga, e o futuro Píer em T, que criará quatro novos berços de atracação e o maior corredor de transporte via correia do mundo.

Modelo inovador transfere gestão à iniciativa privada

Diferentemente de outras concessões, o modelo de concessão transfere à iniciativa privada a responsabilidade pela dragagem e manutenção do canal, com metas de profundidade, desempenho e redução de custos.

O Consórcio CCGD venceu a disputa ao oferecer desconto de 12,63% sobre a tarifa de referência e outorga de R$ 276 milhões, além de pagamentos anuais fixos de R$ 86 milhões e 3% da receita anual.

Segundo o secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, a concessão é uma vitória dos paranaenses, pois o Porto de Paranaguá representa “a riqueza gerada em todo o Estado”.

Referência nacional em infraestrutura portuária

O ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, ressaltou que o modelo implantado no Paraná servirá de referência para todo o país.

“O leilão do Canal de Acesso de Paranaguá é o primeiro do gênero no Brasil e vai inspirar novos processos em Santos, Bahia e Itajaí”, afirmou o ministro.

O diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia, também destacou o caráter inovador da concessão. Segundo ele, o projeto é resultado de quatro anos de estudos técnicos e econômicos que garantiram segurança jurídica, eficiência e transparência.

“O modelo adotado vai consolidar mais de R$ 1 bilhão em investimentos nos próximos anos e aumentar a atratividade comercial do Porto de Paranaguá”, disse Garcia.

Canal da Galheta: expansão e segurança operacional

O Canal da Galheta, principal acesso aquaviário ao porto, será modernizado para receber embarcações de maior porte. Com o novo calado de 15,5 metros, o Porto de Paranaguá ultrapassará os portos de Santos e Santa Catarina, cuja média é de 14,5 metros.

Segundo a Portos do Paraná, cada dois metros adicionais de profundidade representam, em média, mil contêineres a mais por navio — ou 14 mil toneladas extras de carga —, sem custo adicional ao exportador.

Sustentabilidade e segurança jurídica

O projeto do leilão do Canal de Acesso ao Porto de Paranaguá foi precedido por um Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA), além de consultas e audiências públicas conduzidas pela Antaq e pelo Ministério de Portos e Aeroportos.

O modelo foi aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e elogiado por especialistas por estabelecer regras claras, cronogramas definidos e forte governança institucional.