Saúde

Evento discute ideais de felicidade e dá dicas para tornar cotidiano mais leve e alegre

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Os brasileiros nunca foram tão infelizes, de acordo com a pesquisa Bem-Estar Trabalhista, Felicidade e Pandemia, divulgada pela FGV Social. Desde que o índice começou a ser medido, em 2006, o Brasil não registrava taxas tão baixas de satisfação. Pandemia, desemprego, inflação e outros problemas enfrentados no país têm contribuído diretamente para que a percepção das pessoas sobre suas próprias vidas, muitas vezes, não seja positiva.

Pesquisadores de outro levantamento, realizado pela instituição britânica Royal Society For Public Health (RSPH), ouviram cerca de 1,5 mil voluntários e revelaram que 90% deles utilizam redes sociais. Sensações de ansiedade e solidão são, segundo o estudo, frequentemente associadas a essas mídias. Para a CEO da RSPH, Shirley Cramer, o Instagram foi descrito pelos jovens entrevistados como mais viciante que cigarro e álcool. Um dos motivos para isso é o fato de que, na internet, só é possível ver aquilo que os outros compartilham – e que nem sempre corresponde à realidade. Pouco a pouco, o hábito inconsciente de se comparar a modelos inalcançáveis de alegria e perfeição corrói a autoestima e pode levar, inclusive, a quadros depressivos.

E para falar melhor sobre o assunto, Gustavo Arns, Daniel Medeiros e José Pio Martins participarão do debate on-line “Felicidade na prática: dicas para ser feliz aqui e agora”, promovido pela Central Press, nesta sexta-feira (20), às 19 horas. A ideia é trazer as perspectivas de diferentes áreas do conhecimento sobre o assunto. O evento é gratuito e aberto. As inscrições podem ser feitas pelo site.

O especialista em psicologia positiva e idealizador do Congresso de Felicidade, Gustavo Arns, explica que a felicidade é uma ciência. “Esse é um campo multidisciplinar que reúne estudos da psicologia positiva, ciências das emoções e neurociência e que nos auxilia a compreender o tema. Já temos duas décadas de estudos sobre isso e, hoje, alcançamos uma perspectiva mais ampla e profunda do que é a felicidade e como podemos ser mais felizes e lidar com a ansiedade e o stress”. O Congresso já teve quatro edições e atrai pessoas de todas as regiões do país.

A (má) influência da vida virtual na vida real também é tema de debates filosóficos. Aqui mesmo, no Brasil, nomes como Mário Sérgio Cortella e Leandro Karnal estão constantemente abordando o assunto em seus livros e palestras. Segundo eles, a busca incessante por uma alegria eterna e inabalável não é apenas difícil, mas impossível.

Dinheiro traz felicidade?

Mas conviver com a idealização da felicidade não é o único motivo pelo qual as pessoas são infelizes. A própria pesquisa da FGV Social demonstra, na prática, que questões financeiras têm grande influência sobre a maneira como as pessoas se sentem. Isso porque quem puxa o índice de felicidade para baixo, no Brasil, são os 40% mais pobres. Nessa faixa da população, houve queda significativa no nível de felicidade. Enquanto isso, os 20% mais ricos afirmam que estão mais felizes hoje do que estiveram há um ano.

Para o economista e membro da Academia Paranaense de Letras, José Pio Martins, as duas coisas estão mesmo intimamente ligadas. “Várias pesquisas têm sido feitas com pessoas acima dos 70 anos, a fim de verificar qual o segredo de uma velhice feliz. De forma óbvia, duas causas predominam nas respostas: saúde e conforto material. Além destas, há outras respostas interessantes, que merecem reflexão, como uma rede de amigos e uma vida simples e honesta”, pondera. Na avaliação do economista, todos esses fatores passam necessariamente pela independência financeira. “Uma pessoa sem independência financeira tem grande chance de viver uma velhice de dependência, sofrimento e humilhação”, argumenta.