Saúde

O ‘anti-idade’ dá lugar ao envelhecer de forma saudável

Close up shot of middle aged beautiful woman applies anti aging cream on face undergoes beauty treatments cares about skin poses against beige background. Wrinkled female model with cosmetic product
Foto: Divulgação

O termo “anti-idade” é coisa do passado. E não são apenas as novas formas de pensar o envelhecimento que jogam por terra este antigo conceito. A indústria cosmética, especialmente, vem colocando no mercado produtos que, além de terem a expressão “anti-aging” excluída dos rótulos, trazem formulações ainda mais elaboradas para um envelhecer pleno e saudável.

Em 2017, a revista Allure trouxe na capa de sua edição especial a atriz britânica Helen Mirren. Na época, aos 72 anos, a ganhadora do Oscar pelo filme A Rainha participou do início de um movimento para eliminar do conteúdo editorial da publicação o termo “anti-idade”, em referência a produtos, procedimentos ou a qualquer tema abordado pela revista.

O fato é que o posicionamento da Allure, maior referência mundial em beleza, surtiu grandes efeitos em curto prazo. No Brasil, marcas famosas da indústria cosmética passaram a exibir em seus produtos expressões como “tratamento antissinais” e “age perfect”. Hoje, o que se tenta fixar é o termo ‘pró-age’, que sintetiza o envelhecer de forma saudável.

Segundo o levantamento mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da população de 210 milhões de pessoas, 37,7 milhões são idosas, ou seja, têm 60 anos ou mais. A perspectiva da Organização das Nações Unidas (ONU) é a de que o número dobre até 2050. Não só por uma questão estatística, mas principalmente visando à saúde, as pesquisas na linha ‘pró-age’ têm se desenvolvido de forma surpreendente no País.

Nestes estudos, não seria correto selecionar somente um ativo, mas um conjunto da obra. Quando falamos em tratamento e prevenção dos sinais do envelhecimento, não podemos nos esquecer do ácido retinóico, do ácido hialurônico, que chega a diferentes camadas da pele, e também dos peptídeos.

Em se tratando do envelhecer, no tratamento de rugas e flacidez, há uma grande procura por colágeno e elastina. Portilho lembra, porém, que tanto o colágeno quanto a elastina são produzidos por uma célula da pele, chamada fibroblasto. Conforme envelhecemos, principalmente pela exposição excessiva ao sol, a interação entre as células vai falhando. E a ação dos peptídeos é importante porque faz com que as células se comuniquem para produzir o colágeno que o organismo necessita.

O especialista lembra que o envelhecimento se dá como um todo. Por esta razão, todas as camadas da pele são importantes no tratamento. Na epiderme, a primeira camada que se vê, rugas e marcas de expressão podem ser melhoradas sem que se descuide da hidratação da pele. A junção dermoepidérmica é o caminho de comunicação entre as camadas e aí estão as substâncias importantíssimas que ancoram a proteção da pele. Descendo um pouco mais, na camada subcutânea, é possível usar alguns ativos que aumentam os adipócitos para melhorar o preenchimento do rosto.

Um creme “pró-age” não fará a pessoa se tornar mais jovem, mas sim adiar o envelhecimento. Em tudo isso, é fundamental pensar em nosso modo de vida, em como nos alimentamos, de que forma nos exercitamos, qual é o ambiente em que estamos inseridos e, muito importante, como nos expomos ao sol. Este fator, especialmente, tem uma relação direta com o envelhecer e utilizar o filtro solar com frequência é mais que indicado.

Lucas Portilho é farmacêutico, especialista em Ciências Médicas pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador do Instituto de Cosmetologia Educacional.