Segurança

Vendas no varejo do Brasil voltam a crescer em fevereiro, mas pandemia pesa

Consumidores fazem compras em rua comercial do Rio de Janeiro
Consumidores fazem compras em rua comercial do Rio de Janeiro

Por Camila Moreira

SÃO PAULO (Reuters) – As vendas no varejo do Brasil voltaram a aumentar em fevereiro, após dois meses de perdas e impulsionadas pelo retorno às aulas, mas passam a enfrentar agora a piora da pandemia de Covid-19 e restrições cada vez mais rigorosas.

O setor apresentou em fevereiro alta de 0,6% nas vendas em relação ao mês anterior, depois de acumular perdas de 6,3% em dezembro e janeiro, meses em que foram impactadas pelo fim do auxílio emergencial fornecido pelo governo.

O resultado divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ficou em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters, e o varejo está agora 0,4% acima do patamar pré-pandemia de fevereiro de 2020.

Em relação a fevereiro de 2020, houve queda de 3,8%, contra expectativa de recuo de 3,9%.

O setor varejista do Brasil enfrenta agora o endurecimento das medidas de combate ao coronavírus no momento em que o país se torna o epicentro mundial da pandemia.

O desemprego ainda elevado e a inflação alta somam-se aos obstáculos diante do comércio nacional.

“Olhando para os próximos meses, as novas restrições de mobilidade pelo país, a aceleração da inflação, o desemprego em expansão e o pagamento do auxílio emergencial em menor magnitude do que em 2020 são fatores que devem contribuir para a perda de tração do comércio brasileiro no curto prazo”, avaliou a equipe econômica do banco Orginal em nota.

“Para 2021, no entanto, ainda esperamos um crescimento do setor, sustentado pela recuperação gradual da pandemia e pela reversão da poupança precaucional feita pelas famílias mais ricas no ano passado em consumo”, completou.

Em fevereiro, quatro das oito atividades pesquisadas tiveram alta, com o maior crescimento sendo registrado por livros, jornais, revistas e papelaria, de 15,4%.

“Janeiro é um mês de contas extraordinárias, como IPTU e IPVA, então é comum um consumo menor no comércio. Já em fevereiro, temos a volta do orçamento mensal das famílias a uma maior normalidade e o retorno dos alunos às escolas, aquecendo as compras de material escolar”, explicou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

Entretanto, essa atividade teve queda de 41% na comparação com fevereiro de 2020, segundo o IBGE, pelo fato de muitas escolas públicas ainda não terem iniciado o novo ano letivo e porque muitas escolas não retomaram as aulas presenciais.

Também apresentaram aumento das vendas em fevereiro e janeiro as atividades de móveis e eletrodomésticos (9,3%), tecidos, vestuário e calçados (7,8%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,8%).

As perdas aconteceram em outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,5%), combustíveis e lubrificantes (-0,4%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-0,4%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-0,2%).

No chamado comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e de material de construção, as vendas tiveram aumento em fevereiro de 4,1%, impulsionadas pela alta de 8,8% de veículos, motos, partes e peças.

tagreuters.com2021binary_LYNXMPEH3C0TS-VIEWIMAGE